Quando o assunto é sustentabilidade, o desmatamento é a principal preocupação de 83% das pessoas na região Norte, o maior índice na comparação com as demais regiões do País, onde a média ficou em 61%. Os dados são da 8ª edição do Observatório Febraban - Pesquisa Febraban-Ipespe, que buscou investigar o conhecimento e envolvimento dos brasileiros a respeito do tema da sustentabilidade, e de como as boas práticas se inserem no cotidiano da população.
O levantamento, realizado entre os dias 2 e 7 de setembro, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do País, é apresentado nesta quinta-feira, dia 30 de outubro.
Sobre a importância e responsabilidade quanto às ações de sustentabilidade, a pesquisa aponta que, na região Norte, o governo e as empresas públicas são as mais responsabilizadas, com 48% do total de menções, seguidos das empresas privadas, com 18%. Já as ONGs e entidades do terceiro setor são as menos responsabilizadas em todas as regiões e no Norte atingem 14%.
Dos ouvidos, 78% citam o combate à corrupção nas empresas e governos como tema que mais preocupa na área de governança corporativa. E na área social, 71% citam o emprego e renda como tema que mais preocupa.
A região Norte concentra o menor nível de informação autodeclarado sobre governança corporativa: 29%, contra 35% do total da amostra. Outro dado se refere aos meios de como as pessoas se informam: 55% apontam a TV aberta ou fechada e 42% citam a rede social como principais meios pelos quais se informam sobre o tema sustentabilidade.
A pesquisa revela que 73% consideram importante a adoção de boas práticas ambientais pelos cidadãos e famílias; 79% acham muito importante a adoção de boas práticas ambientais pelas empresas e 81% pelos governos. E 74% dos participantes da região concordam que as boas práticas pelas empresas e governos devem ser prioridade, mesmo com o risco de diminuir os lucros e o crescimento econômico.
Práticas de sustentabilidade
O Norte é a região com percepção evolutiva menos favorável quanto à adoção de boas práticas ambientais pelas famílias e cidadãos: 28% acham que a população tem adotado mais tais práticas, enquanto 56% não veem mudança no comportamento das pessoas.
Nas boas práticas, a separação do lixo e reciclagem tem o Norte como a região que menos tem esse hábito (46%, contra média nacional de 52%), bem como a redução do uso de material descartável, também com 46% % (contra média nacional de 49%). A região também apresenta na média a menor preocupação quanto ao descarte correto de resíduos nocivos, como pilhas e óleo, somando 38% os que fazem isso (média nacional de 49%).
Adquirir produtos de marcas e uso de serviços de empresas que seguem normas de sustentabilidade é mais comum no Nordeste, Norte e Sul do país (cada região pontuou 59%).
Outro dado importante é sobre a mobilidade das pessoas. E a preferência por transporte coletivo, bicicleta ou caminhada chega a 71% no Norte, colocando a região em evidência (65% é a média nacional, segundo a pesquisa).
Sobre o uso de boas práticas ambientais: 66% usam lâmpadas econômicas; 68% adotam medidas para economia água e 64% para economizar energia; 46% reciclam lixo e reduzem material descartável; 54% reutilizam materiais; 51% consomem orgânicos; 34% utilizam energia alternativa; 38% descartam corretamente resíduos; e 35% utilizam etanol e não gasolina.
Boicote às empresas por motivos específicos: 58% boicotariam por trabalho escravo ou infantil; 56% por poluir o meio ambiente/desmatamento; 52% por escândalos de corrupção; 52% maltratar funcionários; 58% devido a denúncia de assédios; 48% em virtude de testes de produtos em animais; 48% por campanhas publicitárias ofensivas; e 39% quando a empresa não promove a diversidade em seu quadro de funcionários. A pesquisa aponta ainda que 75% dizem que legislação sobre as práticas de sustentabilidade deveria ser mais dura.
"Este levantamento reforça pesquisas anteriores, que mostravam que 74% dos entrevistados tinham muito ou algum interesse pelo tema da preservação do meio ambiente e 78% disseram-se pouco ou nada satisfeitos com os esforços empreendidos no país nesse campo", diz Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE, responsável pela pesquisa.
Febraban
A Febraban - Federação Brasileira de Bancos - é a principal entidade representativa do setor bancário brasileiro. Fundada em 1967, na cidade de São Paulo, é uma associação sem fins lucrativos que tem o compromisso de fortalecer o sistema financeiro e suas relações com a sociedade e contribuir para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do País.
O quadro associativo da entidade conta com 117 instituições financeiras associadas, as quais representam 98,8% dos ativos totais e 96,6% do patrimônio líquido das instituições bancárias brasileiras.
Ipespe
O Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), fundado em 1986, é uma das instituições mais respeitadas do Brasil no setor de pesquisas de mercado e opinião pública. E conta com um conselho científico formado por especialistas de diversas áreas, o qual é presidido por Antonio Lavareda, mestre em sociologia e doutor em ciência política.
Tem equipes operacionais e consultores em todos os estados do País e atuação em âmbito nacional e internacional, sempre atualizado com o que há de mais inovador em técnicas e sistemas de pesquisas. A experiência, o rigor técnico e a agilidade do IPESPE têm se transformado em ferramentas fundamentais para que empresas privadas, governos e organizações possam conhecer melhor o seu público e o mercado.
Observatório Febraban
O Observatório Febraban - Pesquisa Febraban Ipespe, foi lançado em junho de 2020 com objetivo de se tornar uma fonte de informações sobre as perspectivas da sociedade e o potencial impacto econômico-financeiro, ouvindo a população e estimulando o debate em diversos setores. Com periodicidade trimestral, a iniciativa é parte de uma série de medidas da Febraban para ampliar a aproximação dos bancos com a população e a economia real, de forma cada vez mais transparente.