O I Encontro Nacional de Política Pública de Segurança e Proteção à Mulher Indígena acontecerá no dia 10 de dezembro na Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, e faz parte da programação dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher. Além de participar de uma das principais mesas de discussão, Narubia Werreria é uma das articuladoras do evento construído pela Rede Matriarcal de Mulheres Indígenas (REMA), da qual a ativista faz parte, em conjunto com a Secretária da Mulher da Câmara de Deputados e apoiado pela deputada Joênia Wapichana (REDE).
O evento vem sendo articulado pelas mulheres da REMA desde setembro deste ano, e visa criar um relatório e dar início as discussões para a criação de um Projeto de Lei que combata a violência de gênero sofrida por mulheres indígenas.
Narubia Werreria integrará a mesa “Desafios para a Segurança da Mulher Indígena” em conjunto com as ativistas como Mayal Payaky e representantes de Instituições Nacionais e Internacionais como a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a Organização das Nações Unidas (ONU).
Violência de gênero nas Aldeias
Como conta a também presidente do Instituto Indígena do Tocantins (Inditins), Narubia Werreria, a violência contra mulheres originárias cresce em meio a pandemia e há dificuldades para acessar as leis de combate à violência de gênero por parte das mulheres indígena: “Existem barreiras culturais linguísticas, e socioeconômicas, além do machismo e racismo que sofremos que impedem o nosso acesso à justiça, a mulher indígena não se sentem protegidas e amparada para sequer fazer a denúncia a violência sofrida e isso é só um dos pontos” narra Narubia.
Segundo a ativista a violência contra a mulher indígena vem se agravado e os órgão competente e a mídia nacional se silencia, gerando não só invisibilidade, mas um estado de negação da existência da mulher indígena, um estado de negação de direitos e de toda opressão que essas mulheres vivenciam.
Também integrante da REMA, a ativista indígena Marcia Kambeba relata que são muitas as formas de violência destinadas à mulher indígena: “Jovens, mulheres, crianças e idosos. Somos um povo da coletividade e isso se configura também na forma de luta e de sofrimento. Falta de saneamento, educação, saúde, a violência física resultante da bebida e droga tem feito muita maldade nas aldeias entre as mulheres”.
Os relatos das ativistas são corroborados pelos dados da ONU que demonstram que as mulheres são as principais vítimas das violências praticadas contra as comunidades indígenas no mundo e que 1 em cada 3 mulheres indígenas são estupradas ao longo da vida.
Dados do relatório “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil”, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário mostram ainda que em 2019 pelo menos 10 casos de violência sexual foram registrados contra mulheres e meninas indígenas.
Programação
O evento iniciará às 10 horas, na abertura serão prestadas homenagens às anciãs Eliane Potiguara, Andila Kaingang, Tuira Kaiapó e Vovó Bernaldina (in memorian) e a Pajé Mariana entoará cânticos espirituais.
Em seguida haverão três mesas de discussão formadas por mulheres líderes dos povos indígenas de diversas regiões do país, representantes de órgãos governamentais como a FUNAI e o Ministério Público Federal (MPF). Além de contar com a presença de parlamentares do congresso Nacional.
Mulheres de todo o Brasil poderão acompanhar a discussão por meio da transmissão no YouTube feita no Canal da Secretária da Mulher.