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Polí­tica

Indígenas da etnia Krahô

Indígenas da etnia Krahô Foto: Renato Yahe Krahô

Foto: Renato Yahe Krahô Indígenas da etnia Krahô Indígenas da etnia Krahô

O pedido da senadora Kátia Abreu (PP-TO), através de vídeo divulgado nessa quinta-feira, 26, para doação de "roupas usadas", "camiseta de propaganda" e "lençol velho" para serem entregues aos indígenas da etnia Krahô (de Itacajá e Goiatins) repercutiu mal. O Instituto Indígena do Tocantins (Inditins) divulgou nota repudiando a ação da parlamentar. "Não precisamos de caridade, precisamos de políticas públicas que protejam nossos territórios, nossa cultura e nossa vida". 

"Minhas queridas amigas, bom dia! Estou falando diretamente da estrada de Arraias para Taguatinga, que estou fazendo as minhas andanças por aqui na pré-campanha, atrás de apoio para o Senado Federal. Mas eu queria fazer um pedido a vocês: que vocês pudessem me ajudar a juntar roupas usadas para que eu possa dar para os índios Krahô's. Eles são índios trabalhadores, plantam roça e as mulheres estão muito empobrecidas. Pode ser roupa simples: camiseta de propaganda, roupa de criança que seus filhos não estão usando mais. O que vocês puderem doar. Lençol velho, toalha... vocês, por favor, juntem para mim, para eu levar para os Krahô's. Prometi às cacicas. Lá tem 4 cacicas que são mulheres comandando os índios”, pediu Kátia Abreu, em vídeo. 

A cacique Creuza Krahô, da Aldeia Sol, no município de Goiatins, foi uma das primeiras a questionar o pedido de Kátia Abreu. Segundo ela, os Krahô precisam mesmo é de ter os seus direitos mantidos, garantidos na Constituição de 1988. "E tem muito krahô que não fica pedindo roupa velha assim não. Nós temos algum dinheirinho que trabalhamos para comprar nossas roupas novas. [...] Você não tem vergonha de carregar roupa velha não, Kátia Abreu?", perguntou Creuza. 

A cacique disse ainda que nem todos os membros da etnia apoiam politicamente a senadora Kátia Abreu. "Vocês só aparecem quando estão sendo candidatos para poder enganar os índios e depois fazer lei contra nós indígenas do Tocantins", critica a indígena. 

O Inditins, por sua vez, em nota desta sexta-feira, 27, repudiou o pedido de "ajuda". "Seu discurso assistencialista não apaga os inúmeros ataques aos Povos Indígenas e as florestas do Tocantins. Fazendeira antes de política ela e bancada do boi legalizam o desmatamento e escondem-se em discursos falsos", critica. 

O Instituto lembra a problemática que o Povo Apinajé vem enfrentando com surto de Tuberculose, e do Povo Karajá que enfrenta falta de transporte para atender indígenas doentes. "Nossas lideranças são ameaçadas e nossas crianças sofrem com a alta taxa de mortalidade infantil e de suicídio em adolescentes e jovens indígenas. Onde está Katia Abreu para ajudar os Povos Indígenas com todos esses problemas?", é questionado pelo Inditins. 

"Não Precisamos de Caridade"

Ainda de acordo com o Instituto, o Tocantins é o segundo estado que mais desmata o Cerrado no Brasil. "O território indígena do Parque do Araguaia sofre invasões e teve mais de 50 km² desmatados em 2021. O território Xerente também sofre com invasões de madeireiros ilegais e traficantes que aliciam nossos jovens indígenas. Não precisamos de caridade, precisamos de políticas públicas que protejam nossos territórios, nossa cultura e nossa vida", é reforçado. 

Confira a Nota do Inditins na Íntegra:

Segue nota de repúdio do Instituto Indígena do Tocantins a fala de Katia Abreu.

Repudiamos o oferecimento “ajuda” da senadora Katia Abreu, que pediu o arrecadamento de roupas velhas aos Povos Indígenas em suas redes sociais. Seu discurso assistencialista não apaga os inúmeros ataques aos Povos Indígenas e as florestas do Tocantins. Fazendeira antes de política ela e bancada do boi legalizam o desmatamento e escondem-se em discursos falsos.

Como bem disse a Cacique Creuza Kharô, da Aldeia Sol, a saúde e educação dos Povos Indígenas tocantinenses está precária e mesmo após manifestações nada foi feito! Os noves Povos do estado não têm estrutura mínima para o atendimento de saúde e nem têm escolas nas aldeias como a Constituição garante ser nosso direito.

O Povo Apinajé enfrentou um surto de Tuberculose, o Povo Karajá enfrenta falta de transporte para levar indígenas doentes, nossas lideranças são ameaçadas e nossas crianças sofrem com a alta taxa de mortalidade infantil e de suicídio em adolescentes e jovens indígenas. Onde está Katia Abreu para ajudar os Povos Indígenas com todos esses problemas?

E o ataque aos Povos originários não para por aí, o Tocantins é o segundo estado que mais desmata o Cerrado no Brasil, o território indígena do Parque do Araguaia sofre invasões e teve mais de 50 km² desmatados em 2021. O território Xerente também sofre com invasões de madeireiros ilegais e traficantes que aliciam nossos jovens indígenas. Não precisamos de caridade, precisamos de políticas públicas que protejam nossos territórios, nossa cultura e nossa vida.