Em Tocantínia, um grupo especial está na frente de batalha contra o fogo. É a Brigada Voluntária das Mulheres Xerente. Vendo todos os anos a vegetação no território da qual tanto dependem, sendo devastada, elas se uniram para combater incêndios.
Todos os anos, frutos e vegetais que consumimos para alimentação vinham sendo perdidos, assim como raízes. Algumas dessas plantas são matéria prima para o artesanato, como a palha do buriti e capim dourado. Os produtos artísticos são fonte de subsistência de muitas famílias. O fogo, cinzas e seca impacta também impactam as nascentes, onde se formam os córregos que abastecem a comunidade e que é também essencial para os animais. Desse modo, a segurança alimentar e a cultura Xerente são impactadas sobremaneira.
Em maio deste ano as mulheres passaram por nova formação para enfrentar o fogo. A primeira delas ocorreu em agosto de 2021, ocasião em que a Associação de Brigadistas Indígenas Xerente - ABIX, pediu que elas também fossem incluídas. A coordenação estadual do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, o Prevfogo, do Ibama, atendeu à solicitação. Foi o primeiro curso para mulheres, de capacitação e formação técnica de combate ao fogo.
Dentro das técnicas adquiridas as queimadas prescritas nos meses de abril até final se junho são consideradas importantes e indispensáveis na manutenção e preservação do habitat, perpetuando a biodiversidade local.
E em 2022, mais uma conquista. As voluntárias concorreram a duas vagas remunerada. A brigadista Simone Xerente foi a contemplada, por conquistar o primeiro lugar na competição. Na seletiva deste ano, de 200 candidatos, 50 eram mulheres. Segundo o presidente da Abix, Pedro Paulo Xerente, essas mulheres estão fazendo história.
Por falar em história, a pioneira no assunto, Vanda Xerente, reforçou a quebra de paradigmas pelas mulheres Xerente. Ela concorreu à brigada masculina em 2015. E se saiu muito bem na resistência. “Ainda mais que eu precisava muito de uma fonte de renda à época. Hoje, estou empregada em um hospital e sou universitária. Estudo Assistência Social. A gente nunca pode parar de enfrentar os desafios”.
E ela celebrou que houve um grupo tão grande de mulheres competindo este ano. “Eu fiquei muito feliz de ver em 2022, tantas mulheres competindo e ainda, com uma bateria só delas. E a gente tem que celebrar a conquista da Simone que competiu de igual para igual. Sempre eu digo, nós mulheres Xerente enfrentamos muitas dificuldades, mas estamos chegando a todas as áreas”. Vanda disse que espera que em breve, o Ibama possa garantir mais espaço para elas, aumentando o número de mulheres selecionadas para receber remuneração. (Guardiões da Amazônia)