A Assembleia Legislativa do Tocantins (AL-TO) está em obras. Um dia antes do início dos trabalhos no Legislativo a movimentação nas dependências da Casa é intensa. Trabalhadores lixam superfícies, removem e colocam divisórias. O cheiro de tinta fresca é forte em alguns locais e, acima de tudo, a reforma faz muito barulho. “Tô ficando doidinha com esse barulho na cabeça e tanto trabalho para a posse”, desabafou uma servidora.
Menos barulho que a reforma, pelo menos por ora, só mesmo dos deputados estaduais que tomam posse nessa quarta-feira, 1º de fevereiro. A reportagem do Conexão Tocantins esteve na Casa de Leis do Estado nesta terça-feira, 31, para conversar com o deputado Leo Barbosa (Republicanos) a respeito da posse e eleição da Mesa Diretora da Casa. Nos bastidores o parlamentar é cotado para a presidência da Casa no segundo biênio 2025/2026 da 10ª Legislatura que inicia-se amanhã.
A conversa com Barbosa havia sido agendada para esclarecer detalhes das articulações políticas que podem o levar à presidência do legislativo tocantinense no segundo biênio, sucedendo Amélio Cayres (Republicanos) – nome dado como certo para assumir a presidência da Casa de Leis a partir de amanhã, no primeiro biênio 2023/2024.
Mudanças
As coisas mudaram na AL-TO desde o fim do ano passado quando os deputados aprovaram uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), de autoria do então deputado estadual Ricardo Ayres (Republicanos), que alterou, entre outras coisas, a data de eleição da Mesa Diretora.
Antes da alteração, a eleição da Mesa Diretora se dava a cada dois anos; agora, os deputados vão escolher as direções da Casa, tanto do primeiro, quanto do segundo biênio, em uma ocasião única: logo após a cerimônia de posse.
O mecanismo, legal e constitucional – adotado por outros parlamentos estaduais, a exemplo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (RN), abre portas para que o Executivo tenha mais “gerência” no Legislativo, contemplando de uma única vez um número maior de apoiadores e sem ter que passar pelos arranjos de uma outra eleição da Mesa, em 2025, após os desgastes políticos naturais de dois anos de mandato.
Assumindo a direção da AL-TO em 2025, Leo Barbosa entra na linha sucessória do Palácio Araguaia. Se as expectativas se confirmarem, o parlamentar terá chances de assumir o Executivo Estadual, haja visto que, na última década, três presidentes do legislativo tocantinense chegaram ao Palácio Araguaia: Carlos Gaguim, Sandoval Cardoso e Mauro Carlesse.
Ainda que as pretensões de Leo Barbosa não cheguem a tanto, - seu pai, Wanderlei Barbosa (Republicanos), é o governador do Estado - caso seja eleito para a presidência da AL-TO, para o biênio 2025/2026, ele angaria capital político importante para pleitear um possível cargo de governador, vice-governador ou senador daqui quatro anos.
Para terminar de pavimentar o caminho livre até 2026, a situação conta com maioria na Casa. O Republicanos, partido dos Barbosa, tem sete membros no plenário. O governador conta ainda com o apoio dos parlamentares eleitos pelo PSDB, PSC, PDT, União Brasil, Solidariedade e Cidadania, chegando a 14 parlamentares votando junto com o Governo.
A renovação de representantes para a 10ª Legislatura é pequena, são apenas nove deputados estaduais novatos. A sessão de posse está marcada para as 9h desta quarta-feira, com restrições de acesso ao plenário até mesmo para servidores da casa. “Não vamos poder entrar para filmar e fotografar o deputado no plenário”, reclamou o fotógrafo de um dos gabinetes.
Exigências também no visual: “para entrar no plenário só com credencial específica e de terno e gravata”, completou o profissional, indignado.