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Polí­tica

Foto: Divulgação

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Mais de 18 mulheres e homens indígenas embarcaram no último final de semana à Brasília para participar da organização da IV Marcha das Mulheres Indígenas e da posse da única deputada federal originária a integrar o Congresso, Célia Xakriabá (PSOL). A ida foi organizada pelo Instituto Indígena do Tocantins (Indtins) em conjunto com o Coletivo de mulheres Iny, e recebeu o apoio das Secretarias de Povos Originários e tradicionais e Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), do Governo do Tocantins.

Na comitiva estão indígenas dos Povos Javaé, Karajá, Kanela, Krahô, Xerente e Pankararu. Já nessa segunda-feira, 30 de janeiro, a comitiva participou das ações de discussão da Pré Marcha de Mulheres indígenas. Indinari Idjanaru Javaé, 2ª tesoureira do Indtins, e cacique, conta quais discussões estão em pauta nas atividades.

“Estamos fazendo a dinâmica das propostas. São formadas 10 mulheres indígenas e discutido os temas: violência de gênero no território e na política, o empoderamento das mulheres indígenas na política, questões da mulher na saúde e educação e ainda valorização das mulheres indígenas pajé, curandeiros, parteiras e da medicina tradicional”.

Idjanaru Javaé agradeceu às secretarias do Governo estadual e destacou o papel da secretária Narubia Werreria, incumbida pela Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais, na articulação para garantir a presença da comitiva tocantinense. A secretária justificou o apoio ao Indtins e ao Coletivo de mulheres Iny. “As mulheres indígenas sofrem de extrema vulnerabilidade social, contribuir para sua articulação nos espaços de poder é uma alegria e um dever, para que nossas mulheres indígenas do Tocantins construam caminhos de prosperidade e bem viver”.

A secretária da Semarh, Miyuki Hyashida também expressou satisfação em poder contribuir, e falou da relevância dos eventos em Brasília “Constitui ao mesmo tempo, em um espaço de troca de saberes e fortalecimento das lutas dos povos originários brasileiros”.

Violência contra mulher indígena no Tocantins

A morte de Myriwekwde Karajá e Rarajuty Karajá vieram pelos punhos de seus companheiros, em 2020 e 2022, já Rarajuty Karajá foi morta a facadas também por seu companheiro, no ano passado. A violência doméstica e o feminicídio estão presentes nos territórios indígenas do Tocantins, a falta de acessibilidade às delegacias e o racismo enfrentado por mulheres indígenas ao denunciar são desafios para o combate à violência de gênero.

Narubia Werreria, conta como irá agir para enfrentar a violência contra mulheres indígenas. “Essa secretaria terá um papel importantíssimo, de criar diretrizes para a construção de políticas públicas de forma transversal, a segurança da mulher indígena será uma prioridade que devemos construir com as comunidades indígenas, principalmente ouvindo as mulheres e demais órgãos afins, Segurança Pública, Funai, Ministério Público e os demais órgãos”.

A violência contra mulheres indígenas é denunciada pelo Indtins desde sua criação. Em 2021 o Instituto foi uma das organizações que articularam o I encontro Nacional de Políticas públicas de Segurança e proteção da Mulher Indígena que ocorreu na Câmara Federal.