Líderes indígenas do Tocantins estiveram no Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta-feira, 9, para cobrar providências do órgão quanto ao edital do concurso da Secretaria Estadual da Educação (Seduc). De acordo com os indígenas, os critérios do edital não contemplam a educação nas comunidades tradicionais.
Os indígenas querem que a secretaria aumente o número de vagas para cada etnia indígena no Tocantins. “Não atende à necessidade da educação indígena. Não adianta fazer um concurso sendo que apenas 10% dos contratados vão ser efetivados”, reivindicou a pedagoga indígena Vanessa Hatxu de Moura Karajá.
Eles também querem a inclusão de vagas para coordenador pedagógico e orientador educacional indígena. “Não queremos concorrer com os não indígenas mas sim vagas específicas para atuar dentro das aldeias”, explicou Vanessa.
Outro critério questionado é a correção da prova de redação do concurso. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o português é a segunda língua para os indígenas, logo, não seria justo que a redação fosse corrigida com os mesmos critérios utilizados para os não indígenas.
Ainda segundo o Cimi, as lideranças pediram que que o MPF solicite à Seduc a abertura de vagas no para professor regentes em pedagogia, já quenas escolas indígenas o ensino do primeiro ao quinto anos é ofertado pelo Governo do Estado. O pedido, segundo o Cimi, foi negado pela Seduc.
“O MPF se posicionou a favor das nossas reivindicações e agora esperamos posicionamento da Seduc e da banca responsável, a FGV, porque no site da organizadora deve constar as retificações”, encerrou Vanessa.
“Nossa participação foi importante para demonstrar a diferença entre indígenas e não indígenas, como no caso do português. Temos povos para quem a língua materna é a primeira língua e o português como segunda. A gente avalia que a audiência foi muito importante para deixar claro que não vamos aceitar nada que não seja conversado conosco porque temos o direito de ser consultados em todas as questões que possam atingir nossa comunidade”, justificou o líder indígena Wagner Krahô-Kanela.
A Seduc ainda não respondeu se pretende atender às reivindicações dos indígenas.