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Opinião

Foto: Divulgação

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Amigos, amigos, negócios à parte. Esse famoso ditado resume bem o caso recente do golpe financeiro envolvendo três famosos jogadores de futebol. O meia Gustavo Scarpa, que atua no Nottingham Forrest, da Inglaterra, e Mayke, lateral do Palmeiras, relataram terem perdido cerca de R$ 10,4 milhões em investimentos feitos em criptomoedas. Eles prestaram queixa na Polícia citando que foram vítimas de uma empresa do atacante Willian Bigode, do Fluminense, a empresa WLJC Gestão Financeira, que intermediou o negócio, e também a empresa Xland Holding Ltda, onde foi feito o investimento. A promessa, segundo as vítimas, era de retorno de 3,5% a 5% ao mês.

Scarpa e Mayke acionaram a Justiça para tentar recuperar os valores investidos, que deveriam ter sido resgatados no ano passado. E como acontece em casos análogos de pirâmides e fraudes financeiras, os atletas afirmaram que tentaram sacar o investimento, sem sucesso. Em boletim de ocorrência, Scarpa diz que investiu R$ 6,3 milhões, enquanto Mayke teria aportado R$ 4,083 milhões. Acusado, o atacante Willian Bigode soltou uma nota oficial, na qual disse também ter sido vítima do golpe e perdido R$ 17,5 milhões.

As investigações devem avançar nas próximas horas, mas tudo indica que os jogadores sejam vítimas de empresas que aplicam golpes e fraudes financeiras vinculadas à criptomoedas. E evidenciam que a falta de educação financeira, aliada ao marketing agressivo e a busca de altos retornos, leva a uma perda grande de valores financeiros.

Infelizmente, no Brasil falta uma cultura de educação financeira em todas as classes sociais. E a punição para esse tipo de crime muitas vezes não é tão severa. A demora na conclusão dos processos judiciais e a falta de efetividade na recuperação dos valores perdidos pelos investidores são questões que ainda são enfrentadas no país. E, assim, muitas vítimas das pirâmides financeiras são influenciadas por não compreender completamente os riscos envolvidos em investimentos financeiros, o que as torna vulneráveis a esquemas fraudulentos.

Vale ressaltar que em uma pesquisa realizada através da plataforma Survey Monkey, enviada para uma base de reclamantes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a autarquia constatou que as criptomoedas aparecem como o produto de investimento mais citado pelas vítimas de fraudes financeiras.

As principais características de interesse no mercado de criptoativos citadas pelos respondentes foram a escassez, valorização, rentabilidade, segurança e não rastreabilidade. Já os esquemas em que caíram foram vistos como atrativos por oferecerem uma solução prática para a necessidade de acompanhar o mercado com afinco para ter ganhos financeiros. O que parece ter sido o casos dos jogadores citados que foram alvos fáceis, pois são atletas que ganham altos valores e não possuem uma educação financeira avançada.

Os resultados da pesquisa realizada pela CVM evidenciam a necessidade de uma maior conscientização da população sobre os riscos e desafios do mercado de criptoativos. O mercado financeiro brasileiro tem enfrentado um aumento no número de empresas de investimentos fraudulentas, o que ressalta a necessidade de uma atuação rigorosa das autoridades competentes para garantir a proteção dos investidores lesados.

Nesse contexto, a segurança jurídica se mostra como um pilar fundamental para o bom funcionamento do mercado e a efetividade da justiça.  

Por fim, é preciso destacar que a luta contra as empresas fraudulentas de investimento é um desafio constante, que requer uma atuação conjunta e constante por parte das autoridades competentes, empresas reguladoras, investidores e sociedade em geral. Nesse sentido, casos midiáticos, como esse,  envolvendo os jogadores são importantes para publicitar essa prática criminosa e conscientizar ainda mais os brasileiros sobre os cuidados nos investimentos em criptomoedas e em quaisquer outros investimentos que prometem lucros acima dos praticados no mercado. Ligam sempre o alerta para as empresas fraudulentas que hoje estão "fisgando" vítimas em todos os canais da internet.

É preciso combater a impunidade, promover a transparência e a ética no mercado financeiro, a fim de garantir a segurança jurídica e a proteção dos investidores. A construção de um mercado financeiro mais justo, seguro e ético é um processo que depende do esforço e comprometimento de todos os envolvidos.

*Jorge Calazans é advogado criminalista, sócio do escritório Calazans e Vieira Dias, especialista na defesa de investidores vítimas de fraudes financeiras