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Cultura

Foto: Panda Filmes

Foto: Panda Filmes

Coproduzido pela Panda Filmes e Falange Produções, o documentário Olha pra Elas estreia no dia 11 de maio em Palmas/TO, Brasília/DF, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA, Curitiba/PR, Porto Alegre/RS e Balneário Camburiú/SC. O longa-metragem é assinado pelos mesmos realizadores do premiado Central - o poder das facções no maior presídio do Brasil (2017), que revelou as entranhas do Presídio Central de Porto Alegre. Dessa vez, a diretora Tatiana Sager e os roteiristas Renato Dornelles e Luca Alverdi expõem o universo feminino atrás das grades. 

"Os homens encarcerados sofrem principalmente pelo domínio que o crime organizado exerce dentro dos presídios masculinos, que acaba, muitas vezes, por escravizar o apenado, impossibilitando que ele retome uma vida honesta ao deixar a prisão. Esse domínio, por um lado, faz com que os presos não fiquem desassistidos durante a permanência no cárcere, pois as facções criminosas suprem aquilo que o Estado deveria suprir e, depois, cobram através da exigência da prática de crimes. As mulheres, ao contrário, sofrem com a falta de estrutura e de adequação das prisões para o universo feminino, sofrem com o abandono, pois não é comum as mulheres privadas de liberdade receberem visitas. Elas sofrem com o afastamento de suas famílias, principalmente dos filhos", explica a diretora Tatiana Sager.

Com 75 minutos e rodado em seis unidades prisionais femininas do Rio Grande do Sul e de São Paulo, o longa-metragem apresenta o cotidiano de mulheres que, em comum, têm de ser mães e viver longe dos filhos. Aprisionadas, elas revelam histórias que, mesmo com suas especificidades, representam uma questão de gênero e identidade de mais de 40 mil brasileiras. Prisões precárias, abandono e desestruturação dos lares são os principais problemas enfrentados pelas apenadas.    

Grávidas ou lactantes, quando presas, convivem um período pré-definido com seus filhos - que, na primeira fase da vida passam encarcerados, como se tivessem herdado uma pena. Depois, juntamente com as crianças, elas enfrentam a traumática separação imposta, quando os bebês são entregues a um familiar ou, na falta destes, encaminhados a um abrigo. 

"O sistema carcerário reproduz o comportamento machista da sociedade. Por isso, ele é tão identificado com o universo masculino. Um outro fator é que, aos poucos, a sociedade vai percebendo que os problemas do encarceramento masculino interferem diretamente na segurança pública, ou na falta dela, nas ruas. O filme Central mostrou isso. Já o encarceramento feminino expõe, em geral, problemas familiares e sociais, que não provocam consequências diretas na vida de outras pessoas. É o caso dos filhos: quando as mães são encarceradas, muitas crianças acabam em abrigos, são separadas de irmãos e irmãs, ou acabam até abandonadas. Essas crianças só se tornam visíveis se, na adolescência, cometem um ato infracional ou, depois dos 18 anos, envolvem-se em crimes. Aí, o Estado e a sociedade passam a enxergá-las, mas com a intenção de encarcerá-las.  Por questões como essas, o encarceramento feminino ainda é tão pouco estudado e debatido", ressalta o roteirista e codiretor Renato Dornelles.

O filme também apresenta depoimentos de especialistas, como juízes, promotores e sociólogos. Olha para Elasjá foi exibido noFESTin(Festival de Cinema Itinerante de Língua Portuguesa) e Festival Caminhos do Cinema Português(Portugal), València Film Indie Festival (Espanha) e no III Festival Cinema Negro em Ação(Rio Grande do Sul - Brasil). A produção também conquistou o troféu de 3º melhor documentário do37º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo

Ficha Técnica

Direção: Tatiana Sager; Codireção: Renato Dornelles; Assistente de Direção: Gabriel Rodrigues; Roteiro: Renato Dornelles, Tatiana Sager e Luca Alverdi; Colaboração de Roteiro: Aline Custódio; Direção de Fotografia: Pedro Rocha; Fotografia Adicional: Gabriel Sager Rodrigues, Márcio Cardoso, Pedro Henrique Clezar, Felipe Alvarez de Toledo; Produção: Luca Alverdi, Renato Dornelles, Tatiana Sager e Beto Rodrigues; Produção Executiva: Paola Rodrigues, Raquel Sager, Isabel Feix e Tanize Cardoso; Assistência de Produção Executiva: Ana Sager Rodrigues, Fernanda Bischoff e Camila Freire; Direção de Produção: Catia Muller; Assistência de Produção: Li Rassier de Andrade; Montagem: Luca Alverdi; Assistência de Montagem: Luan Ott; Desenho de som e mixagem: Wendel Fey; Som direto: Luis Alberto Muniz; Trilha Sonora: Everton Rodrigues.