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Foto: Ricardo Stuckert

Foto: Ricardo Stuckert

A relação com grandes empresários do agronegócio, a importância do pequeno e médio produtor no contexto da segurança alimentar, a reforma agrária pensada com paz e tranquilidade e a necessidade de um estoque regulador foram temas que permearam a conversa ao vivo nas redes sociais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o jornalista Marcos Uchôa, nesta terça-feira, 13.

"Eu quero que o Incra me dê a totalidade de terras ociosas que ele acha que tem no Brasil. É em torno disso que a gente vai discutir com a Contag, com o Sem Terra, para que a gente possa fazer os assentamentos necessários com tranquilidade. Não tem porque haver luta ou guerra”, disse Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

“Não há incompatibilidade entre o pequeno, o médio e o grande produtor. Isso está na cabeça de quem não quer pensar direito. O Brasil precisa de todos. São complementares”, disse Lula. “Nós vamos anunciar o Plano Safra agora, tanto para a agricultura familiar quanto para o agronegócio, e eles vão perceber que da parte do Governo Federal não há objeção” completou o presidente.

O Plano Safra é um financiamento especial voltado para ajudar produtores rurais a custear operações de plantio, manutenção, colheita e comercialização. “O que queremos é que todos produzam, cresçam e que o Brasil cresça junto”.

Pequenos, mas grandes

Lula destacou o enorme potencial de geração e emprego e renda das pequenas e médias propriedades rurais. “Temos aproximadamente 4,6 milhões de propriedades com menos de 100 hectares. Essas propriedades geram oportunidades de trabalho, porque ninguém consegue produzir 30 hectares sozinho, 50 hectares sozinho, 100 hectares sozinho. É preciso que tenha gente que trabalhe. E isso é importante, porque é o trabalho que dá dignidade à pessoa. Nós vamos fortalecer a pequena e a média propriedade, vamos fortalecer o agronegócio”, afirmou Lula.

Tranquila e pacífica

Ao abordar a reforma agrária, o presidente destacou que o Governo Federal vai trabalhar junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para que o processo de identificação de terras improdutivas seja conduzido de maneira tranquila e pacífica.

“Nós vamos continuar fazendo reforma agrária, porque aonde precisar assentar gente nós vamos assentar. Não precisa mais invadir terra. Se quem faz o levantamento da terra improdutiva é o Incra, o Incra que comunique o governo quais são as propriedades improdutivas em cada estado. A partir daí, vamos discutir a ocupação. É simples. Não precisa ter barulho”, declarou Lula.

“O que precisa ter é competência e capacidade de articulação. Eu quero que o Incra me dê a totalidade de terras ociosas que ele acha que tem no Brasil. É em torno disso que a gente vai discutir com a Contag, com o Sem Terra, para que a gente possa fazer os assentamentos necessários com tranquilidade. Não tem porque haver luta ou guerra”.

Estoque e preço mínimo

O presidente abordou ainda a necessidade de um estoque regulador garanta o abastecimento interno em caso de crises. A formação de estoques públicos assegura preço e renda ao produtor e garante o abastecimento interno.

“Se tiver uma crise de alimento no mundo, temos que ter garantia de que não vai faltar nem o arroz e nem o feijão para o nosso povo. Daí porque a gente tem que incentivar o plantio e, ainda, para o pequeno, precisamos criar uma coisa chamada preço mínimo. Para que a gente garanta que o cidadão, ao plantar e quando colher, se estiver baixo o preço, ele não perca. Que receba pelo menos o que investiu”, avaliou.

Agronegócio

Lula ainda fez questão de deixar claro que não existe qualquer problema entre o Governo Federal e áreas do agronegócio brasileiro. Ele inclusive lembrou que em seus dois mandatos anteriores o Governo trabalhou em medidas de incentivo ao setor que foram determinantes para fortalecer o setor.

“Eu nunca tive problema com o agronegócio. Eles sabem tudo o que fizemos por eles. Sabem que temos muita responsabilidade com o salto de qualidade que deu a agricultura brasileira por causa do financiamento que fazíamos, o financiamento de máquinas. No nosso tempo, uma dessas máquinas colheitadeira grandes, que parece um robô, era financiada com dois por cento de juros ao ano. Hoje, eles estão pagando 14 ou 18 por cento de juros ao ano. Eles sabem que do ponto de vista econômico eles não têm problemas conosco”, recordou Lula.