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Cotidiano

Foto: João Pedrini

O Ministério Público do Tocantins (MPTO) iniciou, em 5 de setembro, o projeto “Inclusão Sociopolítica dos Apinajé”. Em dois dias, o promotor de Justiça, Saulo Vinhal da Costa, titular da 1ª Promotoria de Justiça de Tocantinópolis, visitou as aldeias Mariazinha e São José para ouvir os problemas que mais afetam os indígenas da região. Ele identificou, a partir dos depoimentos de diversos caciques, que a principal deficiência diz respeito ao fornecimento de água potável.

Com base no que foi apurado, o MPTO vai fazer um levantamento para descobrir quais aldeias indígenas necessitam de construção e de reparos de poços artesianos. A situação deve ser verificada em 63 aldeias da região do Bico do Papagaio – a maioria, em Tocantinópolis.

“Boa parte das aldeias indígenas dispõem de poços artesianos, no entanto, nós faremos um levantamento, diante das demandas, a fim de identificar as que estão com poços desativados e aquelas que não possuem poços. Depois disso, faremos os devidos encaminhamentos às instâncias e órgãos competentes para que providências sejam tomadas”, afirmou o promotor.

O projeto de “Inclusão Sociopolítica dos Apinajé” tem objetivo de dar voz à comunidade indígena, verificar quais os problemas mais comuns existentes e encaminhar as demandas às devidas autoridades.

Além das aldeias Mariazinha e São José, representantes de outras comunidades participaram dos encontros. Ao menos 30 caciques foram ouvidos – com a maioria queixando-se de falta de água potável.

José Dilson, cacique da Aldeia Furna Negra, diz que a comunidade vive há dez anos sem água limpa. “Precisamos andar oito quilômetros para buscar água, levando o balde nas costas”, afirmou.

Cacique da Aldeia Areia Branca, Pedro Souza Dias, também pediu a instalação de um poço na comunidade: “Tem criança que bebe água do rio e dá dor de cabeça, febre, dor de barriga. É um problema pra gente. Viemos aqui falar com o doutor [promotor de Justiça] pra ver se ele nos ajuda”, afirmou.

Ambas as aldeias ficam no município de Tocantinópolis e, juntas, contam com cerca de 120 famílias.

 

Foto: João Pedrini

Demais problemas

Além de dificuldades de se obter água potável, os caciques relataram ainda o mau estado de conservação das estradas (que dificulta, principalmente, o transporte de estudantes e de doentes), falta de medicamentos, problemas na infraestrutura das escolas (como por exemplo, falta de ar-condicionado e de laboratórios de informática) e ausência de energia.

O promotor de Justiça afirmou que um relatório com todos os problemas será encaminhado aos entes responsáveis por cada demanda apresentada. O Ministério Público, ao longo dos meses, fará o acompanhamento das soluções propostas pelos gestores e quais medidas foram adotadas. (João Pedrini/MPTO)