A história da salvação começa nas origens da Criação da humanidade. Deus cria o homem e a mulher e os coloca em um jardim. Ambos gozavam de integridade e liberdade. Quando pecaram, o criador estabeleceu inimizade entre a descendência da mulher e a descendência da serpente, e disse que a descendência da mulher lhe esmagaria a cabeça. Ali o criador já declarou a vitória sobre o pecado e estabeleceu aquela que seria a Nova Eva, pois a primeira havia pecado e seus filhos herdaram sua marca. Mas Maria, aquela que foi concebida sem pecado, gerou o homem sem pecado, que esmagou a cabeça da serpente infernal com sua oferta livre e obediente a Deus. Esse homem é o verbo de Deus feito carne, chamado filho do altíssimo.
Os profetas falavam de uma virgem que conceberia o Messias, e o povo de Deus aguardava a Sua vinda. Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o Anjo Gabriel para anunciar à Virgem Maria, e ele a saudou: “Salve cheia de graça, o Senhor é contigo”. Com esta Saudação e anúncio da encarnação do verbo, surge a nova Eva e o novo Adão. O Verbo encarnado isenta a Virgem Maria do Pecado original, tornando-a Cheia de Graça para realizar, segundo a vontade de Deus, a salvação de toda humanidade, conforme o rito no templo, quando um cordeiro sem mancha e sem defeito era oferecido para remissão dos pecados.
A comunidade cristã, desde os tempos dos apóstolos, tem essa grande veneração pela mãe do Divino Salvador. Encontramos nas catacumbas escritos sobre a Virgem Maria. Jesus deu a sua mãe ao discípulo e o discípulo à sua mãe. Esta pertença fez a Igreja caminhar todos esses milênios sem perder sua identidade cristã, pois, a maternidade de Maria a fez cuidar dos filhos redimidos no sangue do Divino Redentor.
Na caminhada histórica da Igreja, constatamos essa presença forte da Virgem Maria. E quando olhamos para a Senhora Aparecida vemos a singeleza de sua maternidade nas expressões de simplicidade e fé daqueles pescadores. Quando ocorreu o encontro da imagem, a situação do povo não era muito boa. Em razão da época colonial, havia exploração de escravos, senhores de escravos, comerciantes e aproveitadores e, consequentemente, muita pobreza.
Naquela situação de fragilidade, a Virgem apareceu naquela pequenina imagem, salva das águas do Rio Paraíba, como que recordando aos filhos seus, como disse a Ruan Diego em Guadalupe: “Não estou eu aqui que sou sua mãe”? Naquele momento a fé dos três pescadores foi revigorada e o milagre aconteceu: primeiro a fé, depois o sinal, o milagre. Assim como Jesus fazia com as pessoas que vinham a ele: “Crês no filho do homem?” Em seguida, a resposta de fé, o sinal milagroso.
Hoje contemplamos esse belíssimo Santuário de Aparecida, que traz a história da presença de Deus em nossa nação. Terra de Santa Cruz, casa de Maria, a Rainha e Padroeira deste imenso Brasil.
E foi próximo a esse Santuário de Aparecida que Deus suscitou no coração de um jovem padre salesiano, Jonas Abib, fundar uma comunidade, que congregasse homens e mulheres, casados e solteiros, sacerdotes e celibatários, numa obra de Evangelização, onde seus membros, tendo feito a experiência do encontro pessoal com Jesus, pudessem anunciar com a vida esse Jesus e levar as pessoas a terem um encontro pessoal com Ele. E, desta forma, com uma vida nova e santa, preparar um povo bem disposto para vinda do Senhor Jesus.
Essa obra, a Comunidade Canção Nova, traz consigo do fundo do coração de seu fundador a grande Devoção a Virgem Maria, invocada pela família salesiana como Nossa Senhora Auxiliadora. Padre Jonas consagrou a obra Canção Nova à Virgem Maria. E como ele dizia: “aqui é ela quem tudo faz”. Por isso, temos carinhosamente a Virgem Maria como Nossa Patrona. Foi Deus quem quis assim para a Canção Nova, a “Casa de Maria”.
Faço memória também de um Papa, muito devoto da Virgem Maria, que marcou minha vida pessoal e, principalmente, a missão da Canção Nova, pois trabalhou, em todo seu pontificado, pela evangelização dos povos, e hoje é santo: São João Paulo II. Em razão de sua visita ao Brasil, em 1980, veio a Aparecida e fez uma homilia na qual ressaltou o refrão de um hino à Virgem Aparecida:
Viva a mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida.
Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida.
Glorifiquemos a Deus por suas obras maravilhosas e saudemos com alegria a Bem Aventurada Virgem Maria, que nos trouxe o grande Salvador, Jesus Cristo.
Viva Nossa Senhora Aparecida, rainha e padroeira do Brasil!
*Padre João Gualberto Ribeiro da Silva é reitor do Santuário do Pai das Misericórdias, na Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).