Sim, ela está dominando o mundo. Taylor Swift: a cantora, compositora e atriz norte-americana de 34 anos, além de acumular uma fortuna estimada de US$ 1,1 bilhão e de ter vencido 9 das 11 categorias às quais foi indicada na última premiação do Video Music Awards (VMA) de 2023, oferecido pela emissora MTV, possui uma outra qualidade até então desconhecida por muitos.
“A capacidade de fazer as pessoas felizes”. Foi o que constatou um programa de pesquisa e extensão acadêmico-científica desenvolvido pela Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, chamado popularmente de Sociology of Taylor Swift. Nele, ao analisar a forma com que a cançonetista impacta as vidas de seus fãs mundo afora, descobriu-se algo bastante inusitado.
Sabe a tal da felicidade que tanto se busca por aí? Ela é simplesmente 30% maior quando determinado indivíduo escuta às canções difundidas por Swift rotineiramente, seja no seu perfil do Instagram, que já alcança mais de 270 milhões de seguidores, seja em seu canal do YouTube, com 56 milhões de inscritos, seja no Spotify, com cerca de 107 milhões de ouvintes mensais.
Isto quer dizer que 3 a cada 10 cidadãos estadunidenses descobriram uma fórmula alternativa que promete ser mais eficaz do que qualquer método utilizado pelas ciências correlacionadas à área da saúde. E qual seria ele? Se o dia a dia não está satisfatório, não esquenta não: pega logo o aparelho de som, põe a melô da “Tay” para tocar e se alegre com tudo que ele traz de bom.
Precisa ser convencido? Os exemplos falam por si. Caso você nunca tenha escutado as criações musicais da indicada ao Grammy em mais de 40 oportunidades, que tal começar pelo sucesso I Can See You? Na ocasião, a artista emprega o que há de mais cativante nas suas produções: o tom da sua voz. Divertido, é ele que as torna tão positivas, elevando a estima de quem escuta.
E o que dizer da letra de suas músicas? Frequentemente associadas à superação de adversidades amorosas, existe uma espécie de romance idealizado na subliminaridade do discurso de Taylor, tornando alguns refrões como I feel the lavender haze creeping up on me bem apaixonantes, apenas porque todo mundo, em algum momento, já se apaixonou ou viveu situações parecidas.
Os videoclipes são igualmente eficientes na difusão da marca Swift. O cenário das produções audiovisuais é hipercolorido, recheado de referências à cultura pop, além de conter uma pegada baseada na arte surrealista do século XX. O resultado? Ambientações em que se tem uma carpa gigante nadando janela ao lado servem de amostra, enchendo o espectador de entretenimento.
Achou pouco as explicações anteriores para justificar tamanho desempenho? Se liga só no que a psicologia profunda, campo do conhecimento que estuda os comportamentos não conscientes do ser humano, tem a dizer. Para ela, o chamado “Taylor Effect” funciona justamente porque oferece ao sujeito, na forma de produto musical, aquilo que ele tanto procura: um romance.
Reproduzindo as atitudes incorporadas ainda na meninice, pois um dia o indivíduo esteve em processo de desenvolvimento e precisou recorrer à romantização de um relacionamento ideal para poder lidar com as situações nada fáceis que aconteciam à sua volta, o mesmo hábito é transposto para as canções de “Tay”, tornando-as compensação para questões a se resolver.
Em outras palavras, é como se o ouvinte reproduzisse dentro de si as seguintes sentenças linguísticas: “não tive facilidade aqui, vou compensar idealizando ali” e “se preciso idealizar ali, as músicas de Taylor Swift recorri”. Assim, ele permanece fiel aos procedimentos adotados anteriormente em sua trajetória, dando a eles uma forma palpável de serem perpetuados.
Deste modo, diante de tamanha constatação, o que fazer? Caso o faz de conta que você procura compensar nas letras compostas pela cantora seja suficiente o bastante para que as diferentes áreas da sua vida continuem funcionando com a naturalidade que delas se espera, vá em frente. Pegue uma vitrola, encaixe o disco de vinil da loira de olhos azuis e grite bem alto: Shake it Off!
Agora, se escutou à trilha sonora do álbum intitulado “1989”, lançado em 2014, e ainda possui emoções que não encontraram um destino adequado, antes de avançar nesta discografia de hits chamada de existência, faça como a segunda mulher mais rica da indústria da música: viaje para a terra do Tio Sam, abrace a Estátua da Liberdade e pronuncie contente: Welcome to New York!
*Renan Cola é psicanalista. Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em Marketing e Gestão Comercial pela Universidade Vila Velha (UVV), em Psicanálise pelo instituto IBCP Psicanálise e em Gestão Empresarial e Gestão de Pessoas pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), o psicanalista possui 17+ anos de experiência utilizando a psicologia profunda aplicada à mercadologia para construir estratégias de marca para empresas de todo o Brasil, dos pequenos aos grandes negócios. Ao longo da carreira, escreveu artigos para veículos comunicacionais de ampla abrangência, como: Psique, Mistérios da Mente, Estado de Minas, O Tempo, Hoje em Dia, Diário do Nordeste, Administradores, Empresas & Negócios e Novo Varejo.