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Saúde

Foto: Divulgação Isac

Foto: Divulgação Isac

Oferecer um atendimento mais acolhedor, humanizado e eficiente. É o que o Pronto Atendimento Infantil – PAI de Araguaína, sob gestão do Instituto Saúde e Cidadania (ISAC) oferece ao seguir um protocolo especial para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O modelo usado para atendimento na unidade é por Classificação de Risco, baseado em cores, onde cada cor representa um nível de urgência. E quando há dois pacientes com a mesma cor de pulseira, a criança autista terá prioridade no atendimento.

“Implantamos esse protocolo de atendimento porque o estado de saúde de crianças autistas pode se deteriorar mais rapidamente em situações de espera prolongada, devido à sensibilidade sensorial e às dificuldades de comunicação”, explica Gabriela Garcia, médica e coordenadora técnica do PAI.

Na maioria dos casos, os pais já chegam na recepção do PAI com a carteirinha de autista da criança, porém, quando a documentação está ausente, “a equipe aciona a técnica de Fluxo de Atendimento ou a assistente social da unidade, sinalizando ao médico que o paciente é autista”, explica Gabriela Garcia.

Importante apoio à família

Caroline Carvalho Piva é mãe da Maria Júlia, uma criança de quatro anos “típica”, e do José Pedro Piva, uma criança “atípica” de seis anos. Os dois termos são usados para diferenciar o desenvolvimento de crianças e adolescentes.

O filho mais velho já precisou procurar a urgência no PAI e, na recepção, Caroline apresentou a carteirinha de autista do José Pedro, que teve uma passagem rápida logo na primeira etapa de atendimento.

“Essa prioridade é um grande ganho para as crianças autistas, porque elas merecem isso. É uma necessidade”, avalia Caroline. “Elas são assim porque têm uma neurodivergência e a gente precisa começar a aceitar, entender e abraçar isso”, recomenda.

A mãe conta ainda que tem comportamentos diferentes com os filhos dependendo da situação. “Com a Maria Júlia, eu sou uma mãe ‘típica’ e consigo conversar com ela para que entenda que é preciso esperar um pouquinho, que um amiguinho está precisando de mais atenção que ela. Com o José Pedro precisa ser diferente”, conclui.

Importância da carteira de identificação (CIPTEA)

Para dar ainda mais agilidade ao atendimento, é importante que a criança esteja usando o cordão do autista ou que os pais tenham em mãos Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) do filho ou filha.

A emissão da CIPTEA é uma iniciativa importante para facilitar o atendimento e inclusão das crianças nos serviços de saúde. Ela é gratuita e garante diversos benefícios, como prioridade em filas de espera e acesso a serviços públicos.

O documento é instituído pela Lei Federal nº 13.977, de 8 de janeiro de 2020, também conhecida como Lei Romeo Mion, e regulamentada pelo Decreto Estadual nº 6.619, de 24 de abril de 2023.

A CIPTEA é emitida digitalmente e pode ser impressa. Para solicitar, basta acessar o site  https://sistemas.ati.to.gov.br/ciptea/login e clicar ou tocar no botão Primeiro Acesso. Em seguida, informar o número do CPF e nome de quem vai usar a carteira, cadastrar um e-mail e senha de acesso no sistema, e anexar um documento de identificação com foto.

Já para a validação da CIPTEA, os documentos necessários incluem uma foto 3x4, comprovante de residência, documentos pessoais do responsável legal, documentos pessoais da criança (RG, CPF, Certidão de Nascimento), além de um laudo médico ou atestado com a indicação da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).

Cordão do Autista

O cordão do autista é um acessório que ajuda a identificar uma pessoa com deficiência “invisível” ou “oculta”, como o TEA, e consiste em cordão com fita estampada com girassóis ou peças de quebra-cabeça coloridas.

O quebra-cabeça é o símbolo tradicional do autismo e representa a diversidade e a unicidade das pessoas com TEA, enquanto o girassol foi escolhido pela comunidade autista como um símbolo alternativo da condição, visto que é uma flor que se destaca pela beleza, resistência e resiliência.

Além de facilitar a identificação, o cordão do autista tem outros dois objetivos. O primeiro é garantir a acessibilidade do usuário na hora de solicitar atendimento prioritário em locais públicos e privados, como filas, assentos e vagas preferenciais, e o segundo, ajudar a conscientizar a sociedade e promover a inclusão de pessoas com TEA.

No Brasil, a Lei nº 14.624, de 17 de julho de 2023, oficializou o cordão de fita com desenhos de girassol como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas. 

O cordão do autista pode ser comprado em lojas on-line e físicas especializadas em produtos para autistas. Seu uso é opcional e a própria pessoa com TEA deve decidir se deseja usá-lo.