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Cultura

Angela Nenzy, que morreu em 2020, foi mulher do sambista Wilson Moreira (1936-2018). O filme foi dedicado a ela.

Angela Nenzy, que morreu em 2020, foi mulher do sambista Wilson Moreira (1936-2018). O filme foi dedicado a ela. Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Angela Nenzy, que morreu em 2020, foi mulher do sambista Wilson Moreira (1936-2018). O filme foi dedicado a ela. Angela Nenzy, que morreu em 2020, foi mulher do sambista Wilson Moreira (1936-2018). O filme foi dedicado a ela.

O documentário “De Você Fiz Meu Samba”, dirigido por Isabel Nascimento Silva, estreia nesta terça-feira, dia 10 de setembro, às 19h, no Canal Brasil. O filme acompanha a rotina de viúvas de cinco grandes nomes do samba carioca da década de 1960 em diante, além de suas histórias de amor e memórias. 

“Estrear o documentário após uma trajetória sólida em festivais, tanto brasileiros quanto internacionais, e agora em um canal de grande relevância para o cinema, como o Canal Brasil, representa uma oportunidade de alcançar novos públicos”, comenta Isabel Nascimento.

Foi a partir de uma reportagem para o jornal O Globo, em 2010, que a jornalista Mariana Filgueiras encontrou - e se encantou - com essas histórias. A matéria sobre viúvas que guardam acervos de sambistas, muitos inéditos, deu origem anos depois ao argumento que a jornalista escreveu para a Hysteria, núcleo da Conspiração Filmes voltado para personagens femininas. No documentário, Mariana atuou como pesquisadora e roteirista em parceria com Isabel de Luca, cocriadora do núcleo ao lado de Isabel Nascimento. 

“Nós entrevistamos 11 viúvas de grandes sambistas para o filme, e selecionamos cinco histórias que se complementavam, que traziam temas importantes para o documentário. É importante dizer que todas essas mulheres se reinventaram depois de perderem seus parceiros de vida, elas não vivem à sombra deles, elas recomeçaram uma vida nova, mesmo com muito amor e saudade. Essa mensagem de recomeço a partir de um legado cultural é muito forte!”, explica Mariana Filgueiras sobre o processo de pesquisa.

“De Você Fiz Meu Samba” traz histórias de amor, saudade, memórias e muitos acervos musicais a partir dos depoimentos de cada uma das cinco viúvas, moradoras do subúrbio do Rio de Janeiro. Entre elas, a viúva do sambista Wilson Moreira, Angela Nenzy, que faleceu em 2020, vítima da Covid-19. O filme é dedicado a ela. Além de Angela, também participaram do filme Liette de Souza, Jane Pereira, Denize Correia e Bertha Nutels - viúvas dos sambistas e compositores Roberto Ribeiro (1940-1996), Luiz Carlos da Vila (1949-2008), Ratinho (1948-2010), Delcio Carvalho (1939-2013), respectivamente.

O longa também procura refletir sobre a força da mulher no enfrentamento ao machismo da época. O documentário mostra como muitas precisaram abrir mão de seus projetos para que os compositores e sambistas pudessem realizar seus sonhos. Hoje, elas mantêm grande parte dessa história da música brasileira viva. “Muitas viúvas enfrentaram situações de negligência e discriminação em um cenário predominantemente masculino e estruturalmente machista — desde colaborações profissionais não reconhecidas até a naturalização da infidelidade masculina. Neste filme, busquei trazer um olhar sensível, próximo e afetuoso sobre a condição feminina. Abordei temas como resistência, resiliência, paixão e esperança, que são características intrínsecas às mulheres”, explica a diretora.

O filme estreou no Festival do Rio (2022) e, em seguida, passou pela 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (2022), In-Edit Brasil (2023) e Los Angeles Brazilian Film Festival (2023).