As doenças cardiovasculares, responsáveis por milhões de mortes anuais, estão entre as principais preocupações globais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, a prevenção e o diagnóstico precoce continuam sendo negligenciados. No Brasil, essas condições são as maiores causas de óbitos, com cerca de 1.000 mortes diárias. Em grande parte, são casos evitáveis, desde que seguidas as recomendações de se manter um estilo de vida saudável, o que inclui alimentação equilibrada, atividades físicas, consultas regulares com um médico e exames preventivos.
O cardiologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Leonardo Severino, explica que alguns sintomas de doenças cardiovasculares podem passar despercebidos e subvalorizados. “A falta de ar é sintoma comum em várias condições cardíacas, como doenças das artérias, arritmias e problemas nas válvulas, exigindo atenção especial. Para avaliar, perguntamos se o paciente sente dificuldades nas atividades cotidianas, como tomar banho, vestir-se, ou em tarefas mais intensas, como subir escadas ou carregar peso. Embora muitos pareçam normais, especialmente devido ao sedentarismo, é fundamental dar atenção ao sintoma”, diz.
De acordo com o profissional, não existe uma regra definida sobre quando o adulto jovem deve iniciar check-ups cardiológicos, sendo o bom senso o guia principal. Para aqueles que iniciam um programa de atividade física mais intenso ou possuem histórico de doenças cardíacas, exames precoces são essenciais. Já para pessoas sem essas condições, a faixa etária entre 30 e 40 anos é recomendada para iniciar check-ups regulares. Ele também ressalta que a frequência dos exames deve ser ajustada conforme a presença de alterações nos resultados e as orientações médicas.
Leonardo destaca que existem diversos fatores de risco para problemas cardiovasculares, como aterosclerose, infarto e AVC, sendo a maioria deles modificáveis. Os fatores não modificáveis são a idade e a genética: ter familiares do primeiro grau com doenças cardíacas antes dos 65 aumenta significativamente o risco. Fatores modificáveis incluem sedentarismo, obesidade, tabagismo, colesterol alto, diabetes, pressão alta, estresse e ansiedade. “Esses riscos podem ser gerenciados por meio de tratamento medicamentoso e mudanças no estilo de vida, como a prática regular de atividade física, alimentação saudável, boa qualidade de sono e equilíbrio emocional. A individualização dos cuidados deve sempre ser orientada pelo médico responsável”, afirma o cardiologista.
O médico explica que é comum ouvir que alguém faleceu de infarto sem aparentar problemas prévios, no entanto, ninguém infarta sem motivo. Às vezes, o paciente tem uma placa de gordura se formando nas artérias, que pode passar despercebida até que uma ruptura súbita provoque um infarto. Muitos desses casos envolvem pessoas que coletaram fatores de risco ao longo do tempo sem os controlarem, mesmo na ausência de sintomas evidentes “Má alimentação, colesterol elevado, sedentarismo, pressão alta, tabagismo e estresse são responsáveis pela formação dessas placas ao longo do tempo”, completa.
O papel das análises clínicas
Patricia Cavalcante, biomédica e coordenadora técnica do Sabin no Tocantins, explica o papel dos exames de análises clínicas para a avaliação da saúde cardiovascular. “Os testes essenciais incluem o Perfil Lipídico, que mede os níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue, ajudando a identificar riscos de doenças cardíacas; a Glicemia de Jejum e a Hemoglobina Glicada, que monitoram o controle da glicose e ajudam a detectar diabetes; e a Proteína C-Reativa de Alta Sensibilidade, que indica inflamação no corpo”, destaca.
“Outros exames importantes são o Peptídeo Natriurético Tipo B (BNP) o NT-proBNP, que ajudam a diagnosticar insuficiência cardíaca; a Creatinina e a Taxa de Filtração Glomerular, que avaliam a função renal; e as Enzimas Cardíacas, que indicam danos ao músculo cardíaco. Neste contexto, o acompanhamento médico e os exames de rotina são fundamentais para avaliar o estado geral de saúde do indivíduo e identificar possíveis problemas antes que se tornem graves”, aponta a profissional.