Um estudo em andamento na Ulbra Palmas está explorando o potencial da Siparuna guianensis Aublet, popularmente conhecida como Negramina, uma espécie nativa do Cerrado, com potencial para a produção de óleos essenciais voltados à agricultura sustentável. A pesquisa avalia a composição fitoquímica do óleo essencial da planta e busca entender como a sazonalidade e as condições ambientais influenciam na produção de um bioinsumo agrícola, especialmente como bioinseticida natural.
Coordenado pela professora Dra. Conceição Previero, o estudo analisa a sazonalidade da planta e a influência do ciclo circadiano na concentração de metabólitos secundários. "No primeiro momento, vamos avaliar o ciclo circadiano da planta, coletando folhas em dois períodos do ano, verão e inverno. A partir dessas coletas, extraímos o óleo essencial e identificamos os princípios ativos. O objetivo é verificar se o horário e a época da colheita influenciam na concentração desses ingredientes ativos. Com esses dados, bioprospectaremos um bioinseticida, visando desenvolver um bioinsumo sustentável para a agricultura".
O estudo está sendo conduzido em um fragmento preservado de Cerrado no campus da Ulbra Palmas, onde serão coletadas folhas da planta em diferentes horários (8h, 12h e 16h) e em dois períodos do ano (fevereiro e agosto), para avaliar as variações sazonais na composição do óleo essencial.
A extração do óleo será realizada por meio de hidrodestilação, técnica tradicional para obtenção de óleos essenciais, e a análise da composição química será feita por cromatografia gasosa. A expectativa é que os resultados permitam identificar os principais metabólitos presentes no óleo e validar seu potencial como bioinseticida, contribuindo para práticas agrícolas mais sustentáveis e menos dependentes de insumos químicos.
Foto: Divulgação UlbraPerspectivas futuras
A proposta do projeto vinculada a um edital de Fomento da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins - FAPTO e apoiada pela Secretaria do Planejamento e Orçamento do Tocantins (SEPLAN-TO), prevê que, em dois anos, o produto desenvolvido tenha autonomia para ser lançado no mercado. "Dado o desenvolvimento do produto, a ideia é que, possamos avaliar o uso de outras espécies para a produção de bioinsumos, ampliando as opções sustentáveis para a agricultura", explica a pesquisadora.
Os resultados preliminares devem ser divulgados nos próximos meses, e a expectativa é que o estudo não apenas valide o potencial da Negramina como bioinseticida, mas também promova uma conscientização na preservação do Cerrado e inspire novas práticas agrícolas alinhadas com a sustentabilidade.
"Esse estudo reforça a importância das práticas agrícolas sustentáveis, que representam uma mudança de paradigma no agronegócio. Para mim, como pesquisadora, é essencial mostrar aos nossos estudantes de agrárias que há formas inovadoras e sustentáveis de desenvolver o cultivo, alinhadas ao equilíbrio ambiental.", conclui Previero.
A Negramina
A Siparuna guianensis, popularmente conhecida como negramina, é uma planta utilizada na medicina popular para tratar diversos problemas de saúde: Gripe, febre, dor no corpo, herpes, dor de cabeça, reumatismo, artrite, malária, dores abdominais, indigestão e como inseticida em plantas. As folhas são utilizadas como repelentes, nos galinheiros, para piolho de galinha e, também, para uso em rituais espirituais.
A planta tem sido apontada como uma das espécies prioritárias de conservação para a região do Cerrado brasileiro, considerando os aspectos etnobotânicos, ecológicos e químicos.