A movimentação no mercado de trabalho promete ser intensa este ano. Segundo pesquisa da plataforma Catho, 42% dos profissionais brasileiros têm intenção de mudar de carreira em 2025. Esse dado acende um alerta nas empresas, que devem estar preparadas para lidar com um cenário de alta rotatividade.
Para o professor Marcelo Treff, especialista em gestão de carreira da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP),doutor em Ciências Sociais e mestre em Administração de Empresas, em meio a um mercado de trabalho aquecido, os líderes precisam estar atentos aos sinais emitidos por colaboradores que podem estar prestes a pedir demissão. O docente alerta para sinais de que colaboradores estão prestes a deixar seus cargos e dá dicas de como reverter o cenário.
“Existem mudanças de comportamento que servem como indícios claros de que algo não vai bem”, afirma Treff. Entre os principais sinais comportamentais, ele destaca a queda de produtividade proposital, faltas e atrasos frequentes, reclamações indevidas com colegas e chefia, além de comportamentos agressivos, imorais ou ofensivos no ambiente de trabalho.
Essas atitudes geralmente estão associadas a fatores mais profundos. Segundo estudo da consultoria Korn Ferry Hay Group, os principais motivos que levam profissionais a deixarem seus empregos são: baixa compensação financeira, falta de oportunidades de crescimento na carreira, insegurança no cargo, inflexibilidade de horários e incompatibilidade com os valores da empresa.
Como reverter o cenário?
A boa notícia é que nem tudo está perdido. Na opinião de Treff, o líder pode agir antes que a demissão aconteça. “É fundamental prestar atenção nas mudanças de comportamento e abrir espaço para conversas francas. Uma abordagem empática, com escuta ativa, pode revelar o que está incomodando o profissional e até fazer com que ele reconsidere a decisão de sair”, explica.
Além de ações pontuais, as empresas também devem adotar estratégias mais amplas para reduzir a taxa de rotatividade e reter talentos. “É preciso investir em uma cultura organizacional que valorize a comunicação aberta, a colaboração e o bem-estar das pessoas. A revisão constante das responsabilidades, das oportunidades de desenvolvimento e das condições de trabalho também é essencial”, afirma o professor.
O papel do clima e da comunicação
A comunicação interna e o clima organizacional são fatores decisivos na permanência dos funcionários, de acordo com Treff. “Quando há uma comunicação clara e transparente, os profissionais se sentem mais seguros e engajados. Isso reduz a ansiedade, fortalece o sentimento de pertencimento e contribui diretamente para a retenção.”
Para manter o engajamento e a motivação da equipe, o especialista recomenda que os gestores incentivem o feedback contínuo, desenvolvam planos de sucessão e ofereçam capacitação para os colaboradores. “Essas medidas não apenas fortalecem o vínculo entre a empresa e os profissionais, como também minimizam os impactos da saída de pessoas-chave”, conclui. (Fecap)