Depois da vassoura-de-bruxa na mandioca provocar estado de emergência fitossanitária no Pará e no Amapá, agora, uma praga secundária, que até então não causava maiores problemas nas lavouras, tornou-se a principal preocupação dos mandiocultores no Tocantins. A chamada mosca-das-galhas da mandioca (Jatrophobia brasiliensis) está ocorrendo em altas infestações e, em alguns casos, acarretando perdas de até 100% em plantios novos do tubérculo no Tocantins e em outras regiões do país. A Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) está dando suporte aos extensionistas do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) e produtores da região.
O manejo integrado de pragas (MIP) deve ser empregado com estratégia de controle, utilizando os métodos de controle de forma integrada, incluindo, em último caso, a aplicação de defensivos químicos. Pesquisadores e produtores ainda estão realizando experimentos e testes de produtos químicos e biológicos para combater a praga, sobre a qual praticamente não há estudos a respeito.
Cristiano Barros, que planta mandioca no Polo de Fruticultura Irrigada São João, é um dos mandiocultores atingidos. “No final do ano passado, quando fizemos o plantio, ela apareceu, mas achamos que era como todos os anos, algo pontual aqui e ali, sem causar prejuízos. Entraram as festas de fim de ano e não demos muita atenção. Quando fomos ver, ela se instalou de uma maneira que precisamos gradear (passar a máquina, destruindo a plantação) e plantar tudo de novo”, lamenta ele.
Morte de plantas jovens
Segundo o entomologista Daniel Fragoso, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, os danos às plantas são causados pelas larvas, que se alimentam dos tecidos internos do vegetal. Quando atacadas, as plantas reagem formando galhas ou verrugas – estruturas que comprometem a fotossíntese e o vigor da planta. Como resultado, acontece a paralização do crescimento, perda da produtividade e, em casos severos, morte de plantas jovens. “Trata-se de pequenas moscas de coloração amarela que depositam ovos nas folhas, onde as larvas eclodem e começam a se alimentar do tecido foliar. A planta reage e forma as galhas ou verrugas”, explica ele.
Algumas hipóteses estão sendo levantadas para justificar o surto. Entre elas, o maior uso de inseticidas para o combate à mosca branca na safra passada, que poderia ter reduzido a população de Entre elas, o maior uso de inseticidas para o combate à mosca branca na safra passada, que poderia ter reduzido a população de parasitoides, que são agentes de controle biológico da mosca-das-galhas da mosca-das-galhas da mandioca neste ano.
Com a troca de informações entre pesquisadores da Embrapa e produtores, estão sendo realizados estudos e análises sobre formas mais eficazes de combate à praga. “A identificação precoce e o monitoramento são essenciais para o manejo”, destaca Fragoso. No contexto do manejo integrado de pragas (MIP), recomenda-se o plantio no período seco em áreas que possuem sistemas de irrigação; uso de cultivares resistentes (Maniçobeira, Jari e Santa Bárbara) nas bordaduras, eliminação de restos culturais, catação e destruição das folhas com alta infestação, rotação de culturas e práticas que favoreçam o controle biológico natural por inimigos naturais, como parasitóides.
“Em casos de alta infestação, o controle químico é necessário, com critério técnico e rotatividade de ingredientes ativos, para evitar o desenvolvimento de resistência aos produtos usados”, ressalta Fragoso. “O manejo integrado de pragas visa o equilíbrio entre técnicas e medidas eficazes de controle, garantindo a produtividade com sustentabilidade nos sistemas produtivos”. (Embrapa/TO)