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Estado

Foto: Freepik/@snowing

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O mercado ilegal de cigarros no Tocantins quase triplicou sua participação em apenas um ano. Se em 2023 representava 16% das vendas, hoje já responde por 42%. Isso significa que, de cada dez cigarros comercializados no estado, quatro são ilegais. Em números absolutos, foram cerca de 226 milhões de unidades ilegais em 2024, movimentando R$ 56 milhões em um mercado clandestino que não paga impostos, não gera empregos formais e representa um desafio crescente para a segurança pública.

Para se ter uma ideia, só em ICMS o estado perdeu o equivalente a R$ 16 milhões em razão do mercado ilegal. Os dados são da mais recente pesquisa do Instituto Ipec, que faz um raio-X do mercado ilegal de cigarros no Brasil. O levantamento é encomendado pelo Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).

“O crime organizado se fortalece quando há um abismo entre o preço do produto legal e o ilegal, que não paga nenhum imposto ou encargos trabalhistas. Sem medidas eficazes do ponto de vista de política tributária, os estados brasileiros correm o risco de se tornarem pontos cada vez mais vulneráveis nessa rede criminosa”, afirma Edson Vismona, presidente do FNCP.

A rota do Suriname no avanço do contrabando

De acordo com especialistas, a rota alternativa do contrabando via Suriname impulsiona o mercado ilegal na região. O caminho marítimo tem se consolidado como uma alternativa vantajosa aos criminosos, reduzindo riscos de apreensão nas fronteiras terrestres tradicionais.

O trajeto é o seguinte: do Paraguai, os cigarros passam pela Bolívia e o Chile, onde iniciam o transporte marítimo pelo Porto de Iquique. Depois, dão a volta no Canal do Panamá até chegarem ao Suriname, de onde alcançam as cidades do Norte e Nordeste. No Tocantins, a proximidade com essa rota e a facilidade de distribuição pelo interior tornam o estado um ponto estratégico para a circulação desses produtos.

Uma logística complexa e cara, mas que parece compensar para os contrabandistas. O presidente do FNCP, Edson Vismona, aponta para a íntima relação entre mercado ilegal de cigarros e o crime organizado: “não por acaso essas organizações também estão ligadas ao tráfico de drogas e armas, que, sabe-se, utilizam a mesma logística, incentivando a violência e afetando a segurança pública não só nas fronteiras, mas nas cidades de todo o País.”

Cenário nacional

O avanço do cigarro ilegal é reflexo da crescente estrutura do contrabando no país, que já domina 32% do mercado de cigarros, de acordo com o Ipec. A pesquisa indica, também, que o crime movimentou 34 bilhões de unidades de cigarro ilegal no Brasil em 2024. O montante é avaliado em R$ 9 bilhões. O levantamento estima que o contrabando de cigarros tenha causado um prejuízo de R$ 7,2 bilhões com evasão fiscal, apenas em 2024. Na soma dos últimos 12 anos essa quantia chega a aproximadamente R$ 105 bilhões. (Fsb.com)