O Barômetro Global de Empregos em IA 2025, estudo realizado pela PwC que analisa quase um bilhão de anúncios de emprego em seis continentes, aponta que no Brasil o número de vagas que exigem conhecimento em Inteligência Artificial (IA) cresceu de 19 mil, em 2021, para 73 mil em 2024. O estudo também mostra que os salários aumentaram duas vezes mais rápido na comparação com as posições que não exploram a tecnologia. Além disso, dados de 2024 mostram que os setores mais expostos à IA registram um crescimento três vezes maior na receita por funcionário na comparação com aqueles menos expostos.
O bônus médio dos empregos que exigem habilidades em IA, segundo a pesquisa, é de 56% no mundo. No ano passado, este percentual foi de apenas 25%. Dentro das ocupações mais expostas, os empregos podem ser divididos em: “automatizados”, aqueles que o trabalho contém algumas tarefas que a IA pode realizar, e os “aumentados”, quando a IA ajuda um humano a fazer seu trabalho melhor. Em ambos, as classificações mostram que o número de empregos cresceu em todos os setores, embora os aumentados geralmente cresçam mais rápido.
“Diferentemente do que o mercado global sinaliza, identificamos no Brasil o aumento em vagas de empregos mesmo em funções altamente automatizáveis”, comenta a sócia responsável pela consultoria de Workforce na PwC Brasil, Camila Cinquetti. “Isto indica que a IA está sendo usada para aumentar a produtividade, não apenas para redução de custos de pessoal. Além disso, as habilidades procuradas em empregos de maior exposição à IA estão mudando ano a ano, o que demonstra maior complexidade nas competências que precisam ser desenvolvidas”, destaca.
IA no Agro
Em relação a setores da economia, no Brasil e no mundo, o agronegócio se destaca com o maior crescimento em demandas de vagas de emprego expostas à IA. No Brasil, esta alta é superior a 600% em relação as vages de empregos “aumentável”, ou seja, a IA apoia o que é expertise de depende de julgamento humano.
O índice é superior a 400% quanto aos empregos “automatizados”, aqueles em que as atividades daquela função podem ser executadas por IA. “Os dados demonstram uma alavanca significativa da IA no agronegócio, provavelmente impulsionada pelos avanços na agricultura de precisão e na agricultura inteligente”, avalia Camila Cinquetti.
Já o bloco de Atacado e Varejo registrou, no Brasil, aumento de 300% nas vagas que exigem uso “automatizado” de IA, reflexo de uma sólida demanda por processos orientados por tecnologia na indústria de Consumer Markets, o que pode ser atribuído à ascensão do comércio eletrônico e das soluções de atendimento ao cliente com IA.
Estratégia para uso de IA
O estudo revela que, desde a proliferação da IA Generativa em 2022, o crescimento da produtividade quase quadruplicou nos setores mais expostos à IA (por exemplo, Serviços Financeiros), subindo de 7% de 2018 a 2022 para 27% de 2018 a 2024. Em contraste, a taxa de crescimento da produtividade em setores menos expostos à IA (entre eles, Mineração e Hotelaria) diminuiu de 10% para 9% no mesmo período.
“Nossos dados apontam que as empresas que estão usando a IA para ajudar os profissionais estão criando mais valor. Empresas que usam a IA apenas para reduzir o número de pessoas podem perder oportunidades de crescimento de novos mercados ou geração de novos fluxos de receita”, opina a sócia da PwC Brasil.
Embora o cenário de produtividade, salários e empregos seja amplamente positivo, a pesquisa destaca a necessidade das pessoas e empresas se adaptarem a um ritmo de mudança muito mais rápido. As habilidades procuradas pelos empregadores estão mudando 66% mais rápido em ocupações mais expostas à IA, acima dos 25% do ano passado.
“A IA gera uma mudança significativa e constante ao longo dos anos nas habilidades requeridas. À medida que a IA gera uma enorme mudança nas habilidades necessárias aos profissionais, é importante que as empresas identifiquem e estruturem o desenvolvimento dos seus profissionais, para serem capacitados e alinhados em quais habilidades são relevantes ao negócio. Nossa pesquisa sugere que o crescimento da IA não é garantido somente com o sucesso tecnológico, depende da confiança e desenvolvimento das pessoas para atuar com a tecnologia”, completa Camila Cinquetti.
O que é preciso para ter sucesso em empregos expostos à IA tem mudado de outras formas. A demanda dos empregadores por diplomas formais tem diminuído para todos os empregos, mas especialmente rápido para empregos expostos à IA. A porcentagem de empregos “aumentados” de IA que exigem um diploma caiu sete pontos percentuais entre 2019 e 2024, de 66% para 59%, e nove pontos percentuais (53% para 44%) para empregos “automatizados” de IA.
“Chama a atenção perceber o quão evolutivas estão as habilidades exigidas nos empregos relacionados à IA, o que sugere que empregos mais expostos à IA tendem a apresentar maiores mudanças de habilidades provavelmente devido à evolução dos requisitos da função ao longo dos anos. Ou seja, o cenário ainda está se moldando, indicando maior adaptação e demandas de habilidades em evolução nessas funções”, completa Camila Cinquetti.