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Mundo Pet

Foto: Freepik

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Um número crescente de clínicas e hospitais veterinários em todo o Brasil têm adotado a medicina preventiva como prática estruturada de atendimento. O movimento busca ampliar o cuidado contínuo aos animais de estimação e atender tanto às exigências de um público mais consciente quanto às diretrizes técnicas de saúde pública, controle de zoonoses e uso racional de medicamentos.

Com a maior longevidade dos animais e sua inserção no núcleo familiar, os tutores passaram a demandar soluções que vão além do tratamento de doenças. Consultas regulares, exames de rotina, protocolos de vacinação personalizados, controle de parasitas, avaliação nutricional e suporte ao envelhecimento estão entre as medidas preventivas que contribuem para a identificação precoce de condições clínicas silenciosas e potencialmente graves.

Doenças como insuficiência renal, alterações endócrinas, cardíacas ou hepáticas, além de quadros de obesidade e distúrbios articulares, podem evoluir sem sintomas visíveis. O diagnóstico precoce permite intervenções menos invasivas, com menores custos e melhor prognóstico. “Na prática clínica, frequentemente são detectadas alterações nos exames de pets que, aos olhos do responsável, estavam perfeitamente saudáveis. Muitas doenças renais, hepáticas, cardíacas e endócrinas evoluem de forma silenciosa e só apresentam sinais quando estão em estágio avançado. A medicina preventiva permite ao veterinário agir antes que a doença comprometa a qualidade de vida do animal”, afirma Stella Grell, médica-veterinária e country manager da VetFamily no Brasil.

Além da detecção precoce de doenças, a medicina veterinária preventiva também se alinha ao conceito de Saúde Única (One Health), que reconhece a conexão entre a saúde animal, humana e ambiental. Protocolos de vacinação, vermifugação e controle de parasitas ajudam a mitigar riscos à saúde pública, especialmente no combate às zoonoses e à resistência antimicrobiana.

Mesmo com os benefícios comprovados, o acesso a esse tipo de atendimento ainda enfrenta barreiras culturais e econômicas. Muitos tutores só procuram atendimento veterinário em situações emergenciais, o que compromete a saúde dos animais e gera despesas imprevistas. “Prevenir é sempre mais econômico do que tratar. Um check-up anual, por exemplo, pode custar menos de 50% de uma diária de internação emergencial. A vacinação em dia evita doenças graves como cinomose, parvovirose, leptospirose e rinotraqueíte, que exigem internações prolongadas e riscos à vida dos animais”, explica Stella.

Para as clínicas, a adoção da prevenção representa também uma estratégia de sustentabilidade financeira. A previsibilidade no atendimento, a fidelização de clientes e a diferenciação no mercado são alguns dos efeitos positivos apontados por quem investe nesse modelo. “Clínicas e hospitais que estruturam programas de prevenção conseguem reduzir emergências, manter o fluxo constante de atendimentos e se posicionar como centros de saúde de confiança”, observa o médico-veterinário e diretor comercial da VetFamily no Brasil, Fabiano de Granville Ponce.

O fortalecimento da medicina preventiva depende ainda da capacitação dos profissionais e do desenvolvimento de estruturas adequadas para sua implementação. Programas de fidelidade, prontuários eletrônicos, educação continuada, além de exames genéticos e fisioterapia preventiva, já fazem parte da realidade de diversas unidades no país, com foco na personalização do cuidado.

No aspecto coletivo, a prevenção contribui diretamente para a construção de ambientes mais saudáveis e seguros, ampliando os impactos da medicina veterinária para além dos consultórios. “A prevenção na veterinária está intrinsecamente ligada ao conceito de Saúde Única. Cada vacina aplicada, cada responsável orientado, cada protocolo de bem-estar implementado nas clínicas tem um reflexo direto na saúde da sociedade como um todo”, conclui Ponce.