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Mundo Pet

Foto: Pixabay

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O aumento do número de diagnósticos de diabetes em cães e gatos tem colocado a alimentação e o controle de peso como pontos centrais na rotina de cuidados dos tutores. A doença, que pode se desenvolver de forma silenciosa, foi tema de alerta de especialistas que destacam a necessidade de identificar os sintomas precocemente, iniciar o tratamento adequado e estabelecer disciplina diária.

Assim como ocorre em humanos, o diabetes mellitus em animais de companhia surge quando o organismo apresenta falhas na produção ou na utilização da insulina. O quadro pode afetar tanto cães quanto gatos em diferentes idades, sendo mais comum em animais idosos ou com sobrepeso. Segundo Fabiana Volkweis, professora de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB), a participação ativa do tutor é decisiva para o controle da doença e para garantir qualidade de vida ao pet.

Os primeiros sinais geralmente aparecem de forma progressiva e estão associados aos chamados “4 Ps”: perda de peso, poliúria (urinar em excesso), polidipsia (sede exagerada) e polifagia (aumento do apetite). Em alguns casos, surgem também apatia, vômitos e cegueira súbita. Nos felinos, há registros de alteração na locomoção, com dificuldade de apoiar os membros traseiros, o que impacta atividades comuns, como subir em móveis. “Com o agravamento, o pet pode parar de se alimentar, perder peso rapidamente, apresentar desidratação, desenvolver insuficiência renal ou pancreatite”, explica a professora.

Embora as causas exatas ainda não estejam totalmente esclarecidas, pesquisas indicam que fatores genéticos e ambientais atuam em conjunto no desenvolvimento da patologia. Animais obesos, mais velhos ou que já tenham enfrentado doenças como pancreatite estão entre os mais suscetíveis. Estudos apontam que gatos domésticos acima de 6,8 kg têm o dobro de chances de desenvolver a enfermidade, especialmente os que ultrapassam os sete anos de idade.

No caso dos cães, a maioria das ocorrências envolve a forma insulinodependente da doença, na qual o pâncreas já não consegue produzir a insulina necessária. Entre as complicações relacionadas ao diabetes estão a cetoacidose diabética — condição que provoca desidratação severa e alterações metabólicas —, falência renal, infecções urinárias recorrentes, neuropatias e catarata, que pode levar à cegueira.

O diagnóstico exige atenção do tutor aos sintomas e encaminhamento rápido ao médico veterinário. Os exames iniciais incluem glicemia em jejum e urinálise. Em situações específicas, o profissional pode solicitar análises complementares, como a dosagem de frutosamina, hemoglobina glicada e ultrassonografia abdominal, além de verificar funções renal, hepática e lipídica. Essas avaliações permitem descartar outras doenças que apresentam sinais semelhantes, como insuficiência renal, hipotireoidismo e hiperadrenocorticismo.

O tratamento combina três pilares: insulina, dieta e exercícios físicos. A insulina é quase sempre indispensável para cães, enquanto em gatos existe a possibilidade de remissão da doença conforme a resposta ao tratamento e a eliminação de fatores de resistência insulínica. “Hoje existem sensores modernos que se acoplam ao corpo do animal e enviam as medições para aplicativos, sem a necessidade de punções constantes”, destaca Volkweis.

A alimentação precisa ser controlada e adaptada a cada espécie. Nos cães, as refeições devem ser programadas em horários regulares, sobretudo antes da aplicação da insulina. Já os gatos podem receber a ração específica ao longo do dia, devido ao uso de insulina de longa duração. O sobrepeso é um fator de risco e pode dificultar o tratamento, o que reforça a necessidade de controle rigoroso da dieta.

A adesão do tutor às recomendações médicas é determinante para a estabilidade do quadro. O monitoramento da glicemia deve seguir a orientação do veterinário, e a disciplina com horários, alimentação e aplicação de insulina impacta diretamente nos resultados. Segundo Fabiana Volkweis, o engajamento do responsável é decisivo: “O mais importante é o tutor entender que a sua dedicação é peça-chave no controle da doença”.

Com diagnóstico precoce, acompanhamento profissional e participação ativa dos tutores, cães e gatos diabéticos podem manter uma rotina estável e ampliar a expectativa de vida, desde que o manejo alimentar e o controle do peso façam parte do processo contínuo de cuidados.

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