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Economia

Foto: Freepik

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A Estúdio Eixo, consultoria de comportamento e cultura da B&Partners, em parceria com a Zygon, Adtech especializada em data solutions, comportamento digital e netnografia, lança o Gospel Power, estudo inédito que revela o potencial econômico da fé evangélica e como esse universo se consolidou como um ecossistema de consumo próprio, com cadeias de produção, distribuição e influência que já movimentam R$ 21,5 bilhões por ano no Brasil.

Mais do que um nicho religioso, o público evangélico é hoje um dos principais vetores de crescimento da economia criativa e do varejo nacional. Representando quase um terço da população brasileira, essa comunidade influencia setores que vão da moda à música, do turismo à tecnologia, e está redefinindo o que significa consumir com propósito e pertencimento.

“O mercado evangélico não é um nicho: é um ecossistema completo, com cadeias de produção, distribuição e consumo próprias. A fé é o driver que organiza decisões de compra e relacionamento, tanto quanto o preço ou a qualidade”, destaca Kika Brandão, CEO da Eixo.

O estudo revela que o público evangélico é um dos mais sensíveis à coerência de valores das marcas. A fé orienta hábitos de compra, definição de prioridades e percepções de autenticidade.

  • 58% afirmam que sua fé influencia diretamente suas escolhas de consumo;
  • 52% não se sentem representados por campanhas publicitárias;
  • 31% já boicotaram marcas que desrespeitaram seus princípios;
  • 58% estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços alinhados à sua visão de mundo.

Esse comportamento revela uma nova economia da confiança, em que fé e consumo caminham juntos e o que se compra é, acima de tudo, reputação e coerência. Marcas que desejam dialogar com esse público precisam compreender que, para ele, consumir é também testemunhar.

Surgimento do “Gospel Premium”

O Gospel Power identifica o fortalecimento de um ecossistema multifacetado e crescente, onde setores inteiros estão sendo impulsionados por consumidores que articulam fé, estilo e pertencimento.

Moda, beleza e lifestyle: as juventudes evangélicas estão mudando os códigos estéticos e a cara do consumo gospel. A ascensão da moda modesta, das marcas autorais e do streetwear com propósito revela um público conectado, aspiracional e com repertório global. O que antes era associado à austeridade agora ganha novas camadas de sofisticação e desejo, o chamado “Gospel Premium”, que une propósito, design e status.

Turismo religioso: cresce o interesse por experiências espirituais imersivas, como retiros, festivais e viagens de fé, que unem religiosidade, descanso e autoconhecimento.

Educação e tecnologia: o estudo aponta a expansão de plataformas de ensino bíblico digital, faculdades teológicas EAD e cursos de formação em liderança cristã voltados para jovens e mulheres.

Essas dinâmicas reforçam o surgimento de um novo mindset econômico, em que fé e inovação andam lado a lado, criando valor simbólico e financeiro em comunidades altamente conectadas.

Entretenimento e influência: a fé como cultura de rede

O estudo mostra que o entretenimento gospel está passando por uma transformação profunda, deixando o formato institucional para se tornar parte do ecossistema digital e das dinâmicas de influência.

O que antes era um mercado concentrado na música e na mídia tradicional agora se expandiu para o ambiente das redes sociais, onde o consumo de conteúdo religioso se mistura com entretenimento, humor e estilo de vida.

  • 85% dos evangélicos consomem conteúdo religioso no YouTube;
  • 78% utilizam o WhatsApp para estudos e grupos de fé;
  • 65% afirmam descobrir novas referências de fé e comportamento pelo TikTok e Instagram.

Influenciadores como Deive Leonardo, Bispo Bruno Leonardo e Isadora Pompeo já ultrapassam milhões de seguidores e são referências de conteúdo aspiracional que unem espiritualidade e performance digital.

Mas a novidade está na ascensão de uma nova geração de microinfluenciadores evangélicos, que dominam linguagens de humor, moda, skincare, rotina e produtividade com propósito, tornando o gospel um dos segmentos mais dinâmicos do creator economy brasileiro.

Um novo mindset para marcas

O Gospel Power propõe que empresas, agências e instituições passem a enxergar a fé não como um tema sensível, mas como uma estrutura cultural e econômica legítima. Trata-se de compreender a fé como cultura, um código que organiza práticas, desejos e vínculos de confiança.

O estudo mostra que marcas que dialogam com autenticidade, empatia e coerência têm espaço para se conectar com essa audiência de maneira duradoura e estratégica. O futuro do consumo gospel não é apenas religioso: é cultural, digital e aspiracional.