A Polícia Civil do Tocantins, por meio da Central de Atendimento à Mulher (CAM) 24 horas, resgatou, na madrugada desta quinta-feira, 20, uma mulher e o filho dela que estavam sendo mantidos em cárcere privado. A ação foi desencadeada após familiares da vítima, que vivem em outros estados, relatarem que não conseguiam contato com a mulher desde o dia 26 de outubro. Após diligências, a equipe policial identificou o local onde o crime ocorria e realizou o Auto de Prisão em Flagrante (APF) em desfavor de um homem identificado pelas iniciais N. J. A. C., de 27 anos, em Palmas.
O caso passou a ser monitorado pela equipe plantonista no dia 19 de novembro, após informações iniciais apontarem que a vítima estaria privada de liberdade. A equipe se deslocou imediatamente até a residência, onde encontrou a mulher muito nervosa e bastante assustada. Um facão foi apreendido no local durante os procedimentos.
As investigações mostram que familiares da vítima, residentes no Estado de Goiás, tentavam contato com a vítima desde o mês outubro. Nas poucas ocasiões em que conseguiram se comunicar, perceberam sinais de medo e comportamento controlado pelo suspeito. Em determinada videochamada, o cunhado da vítima notou que a mulher evitava mostrar o rosto, aparentando receio de represálias do companheiro.
Mesmo sob vigilância, a vítima conseguiu enviar mensagens de texto confirmando que estava sendo mantida em cárcere privado, informando que desconhecia o endereço exato. Conforme relatou, o suspeito havia apagado os serviços de localização do telefone. A identificação do local só foi possível de ser repassada quando a vítima conseguiu acesso à senha do aparelho do homem, sob o pretexto de retornar uma ligação.
A vítima relatou que conheceu o suspeito em julho de 2025 e que, após o início da convivência, passou a sofrer agressões, que se intensificavam quando o homem consumia bebida alcoólica.
De acordo com o delegado plantonista responsável pelo caso, Vinícius Mendes de Oliveira, as diligências revelaram elementos que demonstram a gravidade da situação enfrentada pela mulher. “A vítima descreveu episódios ocorridos em Gurupi e depois em Palmas, inclusive situação em que o suspeito teria encostado um facão em seu peito. Também relatou agressão anterior contra a própria mãe. Constatamos ainda uma lesão no ombro, compatível com ferimento por arma branca, e verificamos que o celular dela estava danificado, o que impedia qualquer comunicação”, destaca.
O suspeito negou as acusações de agressão e cárcere privado e declarou possuir diagnóstico de depressão, alegando ainda que teria auxiliado a comunicante a restabelecer contato com familiares. Disse também que o período de incomunicabilidade estaria relacionado a dívidas da mulher. O homem possui registro anterior por acidente de trânsito sob efeito de álcool.
Ainda de acordo com a autoridade policial, “a pronta comunicação da família, aliada à atuação imediata da equipe plantonista, permitiu interromper um ciclo de violência, resgatando a vítima e o filho dela em segurança, reforçando o compromisso da Polícia Civil com a proteção de pessoas em situações de vulnerabilidade”.
Após os procedimentos cabíveis, o homem foi encaminhado para a Unidade Prisional de Palmas, onde permanece à disposição da Justiça. A vítima solicitou medidas protetivas de urgência, que foram imediatamente encaminhadas pela equipe plantonista para apreciação da autoridade judicial. (SSP/TO)
