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Embora os homens ainda sejam considerados as pessoas de referência da maioria das famílias brasileiras, cresce a participação das mulheres nessa função, mesmo naqueles lares em que há presença do companheiro masculino. Enquanto em 1996 essa posição era ocupada por pouco mais de 10 milhões de mulheres, em 2006, o número havia subido para 18,5 milhões. O aumento foi de 79% enquanto as casas lideradas por homens cresceram 25%.

Os dados apresentados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Síntese de Indicadores Sociais, podem ser explicados por dois principais movimentos, de acordo com o documento: o crescente "empoderamento" das mulheres, que inclui sua maior participação no mercado de trabalho, e o aumento no desemprego entre os homens. Entre os anos de 1996 e 2006, o nível de ocupação das mulheres aumentou 5 pontos percentuais, enquanto o dos homens sofreu redução de 1 ponto percentual.

Apesar do crescimento de 7,1 pontos percentuais no número de famílias compostas por casal com filhos chefiadas por mulher (12,5% em 2006), ainda é mais freqüente observar pessoas do sexo feminino como responsável por arranjos familiares que não contam com a presença do marido e com todos os filhos com idade superior a 14 anos (29,4%).

O estudo destaca ainda que nas famílias em que a mulher é considerada a chefe do lar, a ocupação dos filhos ocorre de forma mais evidente. Neste caso, ela representa 44,1%, enquanto nos lares chefiados por homens, a ocupação dos filhos cai para 40,3%. Isso pode ser explicado, segundo a pesquisadora por outro indicador: nas famílias cuja pessoa de referência é mulher, cerca de 31% vivem com rendimento mensal até meio salário mínimo per capita; no caso das famílias chefiadas por homens, o percentual é mais baixo, 26,8%.

Outra desigualdade apontada pelo estudo é em relação à divisão dos afazeres domésticos. Embora os homens tenham aumentado sua participação nessas tarefas em dez anos (de 44,4% para 51,4%), somente metade deles se dedica a essa atividade, enquanto nove em cada dez mulheres têm essa atribuição.

O levantamento confirma, ainda, a tendência de redução das famílias brasileiras. Em 1996, a média era de 3,6 pessoas e passou para 3,2 pessoas em 2006. Por outro lado, aumentaram as famílias compostas por apenas uma pessoa, os chamados arranjos unipessoais. Em 2006, eles correspondiam a 10,7% do conjunto do país. De acordo com a pesquisadora, a maior esperança de vida do brasileiro pode explicar esse fato, já que cerca de 40% dessas unidades eram formadas por pessoas com mais de 60 anos.

Escolaridade maior

Também no fator escolaridade, o estudo do IBGE aponta a superioridade das mulheres.Nas áreas urbanas, a escolaridade média das mulheres é de 7,4 anos para a população total e de 8,9 anos para as ocupadas. No Brasil rural, essas médias são baixas: 4,5 anos e 4,7 anos, respectivamente. São as áreas metropolitanas que apresentam as maiores médias de anos de estudo, mas é no Distrito Federal que a escolaridade média das mulheres ocupadas é a mais elevada (10,4 anos). Por outro lado, a menor média observada foi nas áreas rurais de Piauí e Alagoas (3,2 anos), ou seja, nessas áreas as mulheres que estão ocupadas podem ser consideradas analfabetas funcionais e inseridas em trabalhos precários 7.

Em 1996, entre as pessoas que freqüentavam estabelecimentos de ensino superior, 55,3% eram mulheres, passando para 57,5%, em 2006. Nota-se que os homens estão perdendo espaço no processo de escolarização, pelo menos, no que tange a taxa de escolarização superior.

IBGE e Agência Brasil

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