Uma equipe da Fundação Cultural do Tocantins, juntamente com técnicos do Iphan - Instituto do Patrimônio Artístico Nacional, acompanhará o ritual dos índios Karajá, na Aldeia de Santa Izabel, na ilha do Bananal, que marca a passagem do menino para a fase adulta, conhecido como Hetoroky (lê-se retorrokã, que significa Casa Grande).
O objetivo da visita é fazer a captação de imagens do ritual, para o estudo e instrução do processo de Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem o Patrimônio Cultural Brasileiro. O Hetoroky tem início no domingo, 2 de março, e termina na sexta-feira, 08.
O reconhecimento do ritual foi uma solicitação da Fundação Cultural do Estado, onde também, posteriormente, será documentado o Hetoroky dos índios Javaé. O ritual Dasipse dos Xerente e as pinturas corporais dos Karajá também foram indicados. Ainda será encaminhado o pedido de registro do ritual de empenação dos índios Krahô.
Assistirá ao ritual a historiadora Ivana Pereira, do Iphan, acompanhada por uma equipe de captação de imagem, e a equipe da FCT, formada pela assessora de Cultura Indígena, a historiadora Joana Euda Munduruku, pela diretora de Patrimônio, Cristiane Seabra Rezende, e pelo fotógrafo Emerson Silva.
O Ritual
O Hetoroky celebra a passagem do menino para a fase adulta. A festa começa quando o pai do menino solicita ao responsável pelos rituais para autorizar a celebração. Os Karajá de toda a região são convidados para participar e constroem duas casas, a do norte e a do sul, ligadas por um corredor de palhas, onde os convidados e os anciãos recebem o menino iniciado para as orientações tradicionais. Durante o ritual, os Latenis entram e saem das casas cantando e dançando para marcarem a passagem do menino e de um novo tempo, repetindo os feitos de seus ancestrais dos quais muito se orgulham.
Depois das boas-vindas, os convidados, juntamente com os anfitriões, se confraternizam dançando suas danças típicas. Em seguida, começa a luta entre os homens no território da casa do Aruanã, uma verdadeira prova de força e resistência corporal. A competição do mastro começa no início da noite, quando os homens se reúnem em torno da grande tora. A luta entre as aldeias para a derrubada do mastro vai até o amanhecer, quando o Jyeré (menino que está sendo iniciado) chega para a cerimônia, sendo conduzido pelos seus familiares, com o corpo ornamentado e todo pintado de preto e a cabeça raspada.
Após a festa, os garotos ainda permanecerão por mais sete dias dentro da grande casa, recebendo os ensinamentos dos mais velhos de como caçar, pescar e como se deve comportar um adulto na aldeia.
Fonte: Secom