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O Projeto Paraíso, parceria entre o produtor Moacir Almeida e o grupo americano de investidores reunido sob a americana Animo International para o plantio de soja em Tocantins, foi ampliado já em sua primeira safra. O desenho inicial do projeto previa cultivo em 80 mil hectares na safra 2008/09, mas a área ficará em 100 mil hectares.

Os insumos para o cultivo já foram comprados e estão sendo distribuídos aos 120 produtores que participarão da iniciativa, segundo Almeida. O plantio, que começará no início de novembro, ocorrerá em todo o Estado. Entre os municípios que fazem parte do Projeto Paraíso estão Porto Nacional, Monte do Carmo, Santa Rosa do Tocantins, Gurupi e São Valério da Natividade.

Silvanópolis também fará parte da empreitada. O município passou a ser a sede da Primavera Importação e Exportação de Cereais, empresa por meio da qual foi formada a parceria entre o produtor brasileiro e a Animo International, criada para explorar oportunidades de investimento em commodities agrícolas. A sede anterior da empresa brasileira era Porto Nacional.

O projeto tem particular relevância para Tocantins por ser, de acordo com a Secretaria de Agricultura local e a Federação da Agricultura do Estado de Tocantins (Faet), pioneiro no Estado no plantio de soja com a participação de investidores estrangeiros. "Tem muita gente interessada no projeto, querendo saber como funciona. Temos recebido muito pedido", diz Almeida.

Dos 100 mil hectares a serem utilizados para o plantio na safra 2008/09, 28 mil são de área própria do produtor brasileiro. Os outros 72 mil hectares são terras dos produtores parceiros. Esses produtores cedem suas áreas para cultivo e a mão-de-obra e, em contrapartida, recebem o pacote de insumos necessário para a produção, que inclui sementes, fertilizantes, defensivos e óleo diesel. A receita com a venda do grão depois é repartida.

A parceria entre a Primavera Importação e Exportação de Cereais e a Animo International, de Chicago (EUA), prevê investimento de R$ 193 milhões e terá duração de dez anos. As áreas a serem utilizadas serão ampliadas gradativamente até a safra 2010/11, quando chegarão a 130 mil hectares. Depois disso, a área não deverá ser alterada, de acordo com a programação.

O custo médio do pacote de insumos tem ficado entre 34 e 35 sacas de soja por hectare. "Estamos conseguindo um bom resultado com isso. O custo está menor que o do Mato Grosso. Lá, o pacote de insumos fica entre 40 e 42 sacas por hectare", afirma Almeida.

Tocantins é o único Estado relevante na produção de soja do país que não adotou o vazio sanitário, durante o qual é proibido o cultivo do grão na safra de inverno ("safrinha"). As condições climáticas do Estado não são propícias para a propagação da ferrugem asiática, doença que se busca controlar com a proibição do plantio imposta pelo vazio sanitário. Com isso, em Tocantins é possível plantar a soja safrinha para a produção de sementes, o que facilita o acesso dos produtores ao insumo.

Almeida salienta que a Animo International não comprará terras no Estado. Todo o investimento da empresa americana será feito por meio da Primavera. As compras de terras financiadas por grupos internacionais estão aquecidas em virtude da lei que regulamenta a aquisição de terras por capital estrangeiro, ainda sob revisão.

Atualmente, as aquisições são permitidas a pessoas físicas de outra nacionalidade residentes no país e a pessoas jurídicas estrangeiras autorizadas a atuar no Brasil. Parecer da Advocacia Geral da União (AGU) permite que empresas brasileiras controladas por capital estrangeiro comprem imóveis rurais.

Fonte : Valor Econômico

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