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Opinião

Um “pré-compromisso” entre PMDB e PT firmado num jantar na última terça-feira, 20, em Brasília, começou a desenhar a renovação para 2010 da coligação vitoriosa que levou o presidente Lula por duas vezes ao Palácio do Planalto. O acordo prévio dos líderes, que dará sustentação à candidatura da ministra Dilma Roussef à presidência, será agora discutido nos diretórios regionais e municipais para que, preferencialmente, seja reproduzido em todos os estados ou se dê início ao debate para a superação de eventuais divergências. As maiores resistências devem ocorrer em São Paulo e Pernambuco.

Como presidente regional do PMDB, não vislumbro grandes dificuldades para que a orientação dada pela direção dos partidos seja negociada com sucesso no Tocantins. O PMDB é hoje o maior partido no estado e o PT também tem ganhado corpo suficiente para agregarmos forças em torno de uma aliança com todas as chances de chegar vitoriosa ao Palácio Araguaia. Isso, claro, sem dispensarmos outras legendas dispostas a se unir nessa caminhada. A coligação PMDB-PT também se justifica porque são duas legendas que nasceram da luta pela redemocratização do país e cresceram defendendo os ideais de igualdade e liberdade, conquistadas a duras penas.

Pessoalmente, acredito ainda que o presidente Lula esteja realizando uma das melhores e mais estáveis administrações da história da República brasileira. Basta citar que fomos mundialmente reconhecidos como o primeiro país a sair da crise econômica da qual algumas nações desenvolvidas ainda estão chafurdadas. Mas é pessoalmente também que quero manifestar minha visão crítica da condução do “pré-compromisso” costurado neste momento. Estamos em outubro e temos até junho do próximo ano para fecharmos os acordos eleitorais. Há, portanto, tempo suficiente para que um amplo debate seja conduzido pelos dois partidos.

Creio que o “pré-compromisso” tenha sido construído sem os devidos debates internos que caracterizam o PMDB. Não houve consulta às bases e nem se cogitou a realização de uma prévia. Uma pessoa só não pode falar em nome de todo o partido. Não digo que a direção partidária tenha sido entreguista – até porque a repetição da aliança PMDB-PT nasceria naturalmente das bases. Mas está se cedendo um espaço que, na realidade, não é propriedade de ninguém. O PMDB é dos militantes. O PMDB foi – e ainda é – formado por soldados e não por generais.

É esse o nosso orgulho. Nenhum partido tem o maior número de governadores, prefeitos e parlamentares federais, estaduais e municipais por conta de decisões de cúpula. Todo o mérito é do militante que sai de porta em porta defendendo a bandeira em que acredita com toda a convicção. E essa bandeira tem quatro letras: PMDB. Não queremos no Tocantins cometer o mesmo erro. E, por isso, quero que, neste domingo, 25, quando acontecem as convenções para a renovação dos 139 diretórios e comissões provisórias do estado, cada um de nossos militantes reflita sobre o futuro do PMDB no Tocantins.

Além de votar nas chapas inscritas em todos os municípios, peço aos membros dos diretórios que iniciem informalmente os debates sobre como e qual deverá ser a nossa participação na sucessão estadual no próximo ano. É assim que acredito que se construa uma coligação: a partir da vontade e do pensamento de cada militante e membro do partido.

Osvaldo Reis é deputado federal, presidente regional do PMDB e empresário email: dep.osvaldoreis@camara.gov.br