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Polí­cia

A Associação dos Cabos e Soldados Servidores Militares do Estado do Tocantins (ACS-TO) encaminhou nota se posicionando sobre a ação policial que resultou na morte do trabalhador Everaldo Moraes de Araújo, 35 anos, na sexta-feira, 1º abril.

“Assim como a sociedade é vítima da criminalidade e da escassa segurança, o policial militar no Tocantins também é uma vítima de condições degradantes de trabalho, as quais muito têm prejudicado a destreza de sua atuação”, diz a Associação, que sugere ainda a realização de uma audiência pública para apurar e discutir o fato.

A Associação vê a necessidade da audiência pública para melhor apuração dos fatos que levaram à morte de Everaldo de Araújo, "a fim de que tudo seja solucionado da melhor e mais justa maneira possível", afirma.

A ACS-TO tem como presidente o Cabo da Polícia Militar, Geovane Alves dos Santos e se coloca à disposição da sociedade, imprensa e órgãos públicos para poder contribuir para o desfecho e esclarecimento do caso.

Veja a nota na íntegra:

Em consideração ao triste ocorrido na ultima sexta-feira (01/04) resultado de uma fatalidade em uma ação da polícia militar, a Associação dos Cabos e Soldados Servidores Militares do Estado do Tocantins lamenta o óbito do cidadão palmense, Everaldo Moraes de Araújo, e se prontifica aqui, perante a imprensa, sociedade e órgãos públicos, a maiores esclarecimentos.

Não queremos e não devemos nos acostumar com a violência, em qualquer das suas formas, mas precisamos ter a maturidade para em situações críticas não tomarmos a decisão perigosa de apresentar respostas fáceis para questões complexas.

Assim como a sociedade é vítima da criminalidade e da escassa segurança, o policial militar no Tocantins também é uma vítima de condições degradantes de trabalho, as quais muito têm prejudicado a destreza de sua atuação. Sujeito a uma carga de trabalho maçante, sem valorização profissional e sem expectativa de ascensão, o militar tem sido exposto a uma situação de forte stress que tem debilitado as suas condições físicas e psicológicas.

Nossa intenção não é encobrir e nem justificar nenhum crime, mas os policiais que saíram a serviço na noite do dia primeiro não foram às ruas para matar ninguém. Quando uma triste fatalidade dessas acontece não adianta punir um militar, sobretudo de forma sumaria em que se possibilite provar que o mesmo fora efetivamente culpado.

O que precisa ser repensado e corrigido é todo um sistema falho de gestão em segurança pública no nosso Estado. A verdade é que se tem oferecido subsídios mínimos e insuficientes para o desempenho saudável e digno do policial militar perante a proteção da sociedade e, ainda assim, cobra-se deste uma atitude heróica.

A sociedade precisa de profissionais estimulados e comprometidos com a segurança de nossa sociedade, mas isso se consegue investindo no profissional, quer lhe dando condições dignas de trabalho, quer lhe possibilitando condições dignas de existência.

O que a sociedade e a imprensa desconhecem e, possivelmente, o governo ignora é que em Palmas o policial militar não tem direito nem a troca de serviço, não há o descanso preciso e os prejuízos dessa jornada são a grande quantidade de atestados médicos com diagnostico de stress em alto nível. Existem cidades no Tocantins em que a escala de trabalho chega a ser estipulada em 5 (cinco) dias de atividade com 24h diárias para 2 (dois) de folga, é uma carga excessivamente desgastante. Escalas extras com trabalho nos dias de folga e sem remuneração também são uma das causas das quais a queda no desempenho das funções policiais torna-se inevitável.

Hoje a nossa capital não é a mesma de 10 anos atrás. Com a mesma velocidade do desenvolvimento chega até nós também o aumento da criminalidade e conseqüentemente a necessidade de maior segurança. No entanto, o número de policiais não acompanha o crescimento da demanda por segurança no Estado.

A ACS-TO lamenta muito pela fatalidade e pelo falecimento do inocente cidadão palmense Everaldo Moraes de Araújo, mas lamenta também que tragédias como esta só chamem a atenção para a condenação e massacre moral da polícia militar. Nem em ocasiões como esta se volta a atenção para a urgência em oferecer condições dignas a profissão militar no Tocantins. Quando se é displicente com as ferramentas de segurança de um estado automaticamente também se é displicente com a segurança de um povo. A sociedade que justamente clama por segurança, sem perceber, tem sido vítima não de um policial ruim, mas de um sistema falho e mal estruturado de condições de trabalho ao profissional militar.

A Associação dos Cabos e Soldados Servidores Militares do Estado do Tocantins vê a necessidade de uma audiência pública para melhor apuração dos fatos que levaram à morte de Everaldo de Araújo, a fim de que tudo seja solucionado da melhor e mais justa maneira possível. A ACS-TO, sob presidência do Cabo da Polícia Militar Geovane Alves dos Santos, se coloca a disposição da sociedade, imprensa e órgãos públicos no que poder contribuir para o desfecho do caso e para demais esclarecimentos sobre o assunto