A meta é transformar o exame no frênulo da língua obrigatório, assim como outros testes já realizados em bebês nas maternidades, como o do pezinho, da orelhinha e do coraçãozinho. De acordo com a fonoaudióloga do Hospital e Maternidade Dona Regina, Paula Malchier Pimentel do Couto, cidades do interior de São Paulo já implementaram leis municipais que obrigam a realização do teste da linguinha em recém-nascidos. “Queremos que o teste da Linguinha conste na carteirinha de vacinação da criança, assim como o teste do pezinho e da orelhinha”, salientou.
Problema fisiológico de nascença e que pode gerar constrangimentos e dificuldades de alimentação e fala por toda a vida da pessoa, a ‘língua presa’ pode ser diagnosticada ainda na maternidade, assim que o bebê nasce. Esta é a intenção da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, que pleiteia junto ao Congresso Nacional a aprovação de Projeto de Lei que torne o Teste da Linguinha obrigatório em maternidades do Brasil.
Atualmente a frenectomia é feita por dentistas e pode ser realizado em pessoas de qualquer idade, desde que procurem o especialista. Com a implementação da lei do teste da linguinha, o objetivo será identificar e corrigir o problema em crianças com até seis meses de idade, o que facilita a intervenção pela fragilidade da pele abaixo da língua.
A especialista informou que o teste já é feito efetivamente no Dona Regina, mas de maneira informal. Para Paula, com a aprovação da lei, será possível formalizar um protocolo de ação para a correção do problema. Atualmente não existem dados que comprovem o número de pessoas que sofrem com o distúrbio no frênulo, mas na cidade de Brotas –SP, onde o teste virou lei, uma pesquisa com 100 bebês comprovou que 15% nasceram com alteração no chamado ‘freio’ da língua.
Problemas
Ainda na fase pré-infantil, a chamada ‘língua presa’ pode antecipar o fim do período de amamentação do bebê, de acordo com a fonoaudióloga. “Com a língua presa o bebê desmama mais cedo, por conta da dor e do estresse causado”, disse. Desta forma, o problema pode acabar acarretando a perda de peso do recém-nascido, visto que o período recomendado de amamentação é de seis meses.
Em decorrência do frênulo curto, pode-se ainda observar ineficiência na mastigação e deglutição, podendo ocorrer por dificuldade de posicionamento da língua no palato duro devido à postura baixa da língua, que, por sua vez, gera acúmulo de alimentos na cavidade oral, além de dificultar a propulsão (transporte) do bolo alimentar da região anterior da boca para a região posterior, segundo especialistas.