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Estado

Foto: Cristiano Machado Siqueira Campos compareceu à aldeia Santa Isabel, na divisa com o Mato Grosso, para discutir as obras da travessia da Ilha do Bananal Siqueira Campos compareceu à aldeia Santa Isabel, na divisa com o Mato Grosso, para discutir as obras da travessia da Ilha do Bananal

Ao surpreender indígenas da aldeia Santa Isabel do Morro (divisa do TO com MT) com uma visita neste último domingo, 22, que acabou se transformando em amplo debate com a comunidade local sobre a construção da travessia da Ilha do Bananal, o governador Siqueira Campos reforçou o compromisso com os moradores. Ele garantiu que a obra só sairá do papel se atender às necessidades dos indígenas e a preservação da ilha. “Estou aqui para ouvi-los e digo que só faremos essa obra se ela beneficiar vocês e a comunidade da região. Caso contrário, não irá acontecer”, afirmou.

Siqueira Campos manifestou apoio à proposta de repasse de parte da arrecadação do pedágio que vier a ser instalado aos indígenas. “Só começaremos [a obra] se a renda vier para a comunidade indígena. Se não for eu não faço. Vocês não podem ficar na miséria”, disse, durante a reunião. E ressaltou ainda estar ao lado dos indígenas na defesa do seu território: “Essa obra não pode dar margem para ninguém invadir as terras da Ilha do Bananal, um patrimônio de vocês. Não vou aceitar isso!”, pontuou.

Outra proposta apresentada pelo governador foi construir projeto de aldeia que contemple os aspectos culturais das tribos e sirva de local com potencial turístico. “Se vocês quiserem, façam algo dentro do padrão da cultura indígena,  um local com poder de atração turística. A nossa preocupação é proporcionar condições de renda da comunidade”, disse, ao se comprometer de enviar equipe de engenheiros e arquitetos para o serviço.

Satisfeitos

Durante a reunião, que contou com apresentação de um vídeo do projeto feito pelo engenheiro José Rubens Mazzaro, líderes indígenas se manifestaram satisfeitos e concordaram com as propostas do Estado. Segundo Kurihet Idjwala, um dos líderes, o próximo passo é levar ao conhecimento dos demais índios as medidas e aprofundar discussões sobre impactos sociais, econômicos e ambientais. Os indígenas enviarão, conforme orientou o governador, requerimentos com relatos de suas necessidades, como moradia. “Tinha preocupação com a integridade do meu povo, que sofre com alcoolismo, drogas e outros males. E pensávamos que a estrada poderia agravar esses problemas. Mas, diante dos compromissos firmados pelo governador, creio que os benefícios serão maiores”, disse. Entre eles, afirmou Idjwala, está a destinação de recursos do pedágio aos moradores locais. “Com o pedágio, vamos beneficiar a comunidade com projetos e ações. E também achamos muito benéfica a ideia de criação de um modelo de nova aldeia estruturada para promover atividades culturais e turísticas”, complementou.

Presente na reunião, o prefeito de São Félix do Araguaia (MT), José Antônio de Almeida, mais conhecido como Baú, defendeu com entusiasmo a obra. “Essa obra é um sonho. Somos favoráveis e não medimos esforços para colaborar com a iniciativa do Tocantins.”

Obra

Com 90 km de extensão e valor estimado em R$ 1,053 bilhão, a travessia pela TO-500 fará a ligação da ilha, no ponto do Rio Javaé, até a BR-242, em São Félix do Araguaia (MT). De acordo com o engenheiro Mazzaro, autor do projeto, a iniciativa de fazer a travessia surgiu em 2000, na gestão Siqueira Campos. A proposta é concretizar a obra via parceria público-privada (PPP). "A travessia ligará Bahia ao Mato Grosso, passando pelo Tocantins. Encurtará em mais de 1000 km a ligação dos oceanos Atlântico e Pacífico, unindo o Brasil de leste a oeste, melhorando condições de transporte da produção para os portos de Salvador e também acesso ao calcário e a jazidas de fosfato", considerou o governador.

Para o presidente do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Alexandre Tadeu, a preocupação do governo é conciliar desenvolvimento com melhoria da condição de vida dos indígenas, detentores da área. “O governador esclareceu aos moradores da região que a proposta é construir um projeto junto às comunidades indígenas, que propicie o desenvolvimento, mas que beneficie a comunidade”, declarou. (ATN)