Estima-se que no Brasil existam 627 espécies da fauna ameaçadas de extinção. A ariranha (Pteronura brasilienses), mamífero aquático que vive principalmente nos ambientes amazônico e pantaneiro, está entre esses animais. O Parque Estadual do Cantão (PEC), criado pelo Governo do Tocantins em 1998, é responsável pela proteção de boa parte da população de ariranhas encontradas no Estado.
O trabalho desenvolvido pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) conta com a parceria do Instituto Araguaia, organização não governamental criada em 2010. Há três anos, essas instituições desenvolvem o Projeto Ariranha no Parque Estadual do Cantão. O objetivo é impedir a pesca e a caça ilegal no interior do parque e monitorar a população existente desses animais.
Na década de 1970, as ariranhas quase ficaram extintas devido ao alto valor de sua finíssima pele no mercado internacional. Atualmente, elas são ameaçadas pela diminuição gradual dos estoques de peixes nos rios da Amazônia devido à sobrepesca comercial e esportiva. Como uma ariranha chega a consumir cerca de 4,5 quilos de peixe diariamente, muitas vezes são mal vistas como “concorrentes” e alguns pescadores chegam a expulsá-las de suas tocas ou matá-las.
Segundo a bióloga Benaya Leles, gerente de campo do Instituto Araguaia, até o momento já foram avistadas 60 ariranhas na região. “Nós também estamos com uma base na boca do canal Cicica, local de reprodução da espécie. É uma vigilância permanente que coíbe as invasões ao local”, explica. Benaya disse ainda que o trabalho é complementado com atividades educativas realizadas junto às comunidades locais do entorno do PEC.
UC’s
As unidades de conservação desempenham papel fundamental para a preservação das diferentes espécies, desde micro-organismos até animais e vegetais, sobretudo as que se encontram ameaçadas de extinção. No Tocantins existem 30 unidades de conservação (UC’s), sendo 23 de uso sustentável e outras sete de proteção integral.
Essas áreas juntas representam cerca de 42 mil km² ou 15% do território tocantinense. O Zoneamento Ecológico Econômico do Tocantins aponta quase 5 mil km² de áreas potenciais para conservação ambiental e outros 17,3 mil km² que já possuem avaliação ecológica.
Para garantir a criação de novas unidades e gerência das já existentes, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semades) trabalha na elaboração e regulamentação de políticas públicas para a área. “As UC’s são estratégicas e demonstram um compromisso do estado para garantir não só a preservação da biodiversidade, mas também para manter uma população saudável de espécies ameaçadas”, comenta a bióloga Angélica Beatriz Correa, assessora de Biodiversidade e Áreas Protegidas da Semades. (Ascom/Semades)