O agente administrativo Ziltair Lopes, 34 anos, baleado em uma ação criminosa que resultou no resgate de sete presos da cadeia pública de Colméia, no último dia 19, está abandonado à própria sorte Segundo o Sindicato dos Policiais Civis do Tocantins (Sinpol). Segundo colegas e familiares do servidor, ele não tem recebido nenhum apoio do Estado para seu tratamento de saúde.
Contratado temporariamente e lotado na Secretaria Estadual de Defesa Social, Ziltair ocupava a função desde o início de 2011, ganhando cerca de R$ 1.200. De acordo com familiares, é com as economias desse salário (mais a ajuda de amigos e da família) que o agente administrativo está pagando o tratamento, que inclui consultas médicas, exames, remédios, colchão especial, cadeira de rodas e sessões de fisioterapia.
De acordo com colegas de trabalho da vítima, na Secretaria de Defesa Social, não esta tendo nenhum apoio e nem mesmo um telefonema para perguntar sobre o estado de saúde de Ziltair, alvejado com um tiro nas costas, cuja bala está alojada no local, causando paralisação de todos os movimentos do lado esquerdo.
Falta de segurança
De acordo com o agente penitenciário Antenor Ferreira, a ação criminosa – possivelmente orquestrada por criminosos vindos do Pará – aconteceu quando um preso simulou que estava passando mal. No momento em que os policiais civis de plantão tiraram o acusado da cela para levá-lo ao hospital, quatro homens armados apareceram, renderam os policiais civis de plantão e libertaram sete dos 26 presos de uma das celas. Os criminosos fugiram em dois carros. Um deles, um corsa modelo classic, pertencia a Ziltair.
Na ocasião, o Estado informou que a segurança no local seria reforçada. No entanto, segundo Antenor Ferreira, que também trabalha no local, a cadeia pública de Colméia está mais insegura do que nunca, já que o reforço prometido nunca chegou, e o local está sempre superlotado. A cadeia tem capacidade para 12 presos, mas chega a ter mais de 40, ou seja, mais de três vezes a quantidade ideal.
Outro caso
A presidente do Sinpol, Nadir Nunes, afirma que sempre cobrou do Estado o fim dos contratos temporários dos agentes administrativos. Segundo ela, eles desempenham função exclusiva de policiais civis, típicas de Estado. Além disso, em tragédias como essa – vivida por Ziltair Lopes – o Estado vira as costas para o servidor.
A sindicalista lembra também que não é a primeira vez que acontece uma tragédia como esta. Em outubro de 2011, o agente administrativo Eloilson Mathias, de 39 anos, foi morto em um acidente de trânsito, no sul do Estado, causado por um detento do Centro de Ressocialização Luz do Amanhã, de Cariri, durante uma fuga, quando retornava de atendimento médico em Gurupí.
"Tanto no caso do Ziltair, quanto no caso do Eloilson, as informações que temos é de total abandono ao servidor e seus familiares. Por não terem vínculo funcional, ficam abandonados à propria sorte. Por isso sempre nos manifestamos contrários aos contratos e nossa insistência em que se realize concurso para a área, pois em situações como essas, que é comum à função, pelo menos o servidor e seus familiares têm direitos a assistência", enfatiza Nadir Nunes.