Vários moradores de Paranã, sudeste do Estado, ficaram indignados com a proposta de criação do Parque Estadual Águas do Paranã (PEAP). A Consulta pública aconteceu nesta quinta-feira, 5, no município. Para alguns moradores que se manifestaram a intenção do governo estadual é tirar 85.000 hectares de terra do município.
Uma caravana do povoado do Campo Alegre e quilombolas das comunidades do Claro, Prata, e Ouro Fino, e Mocambo compareceram e também não concordaram com a proposta.
Num discurso contundente o prefeito da cidade, Edson Lustosa declarou-se contra a criação do parque assim como o Secretário Municipal de Igualdade Racial, Enedino Benevides Neto e a Secretária de Meio Ambiente, Maria do Socorro Póvoa. Colocações firmes e claras expressaram unanimemente rejeição ao projeto.
A equipe técnica da Secretaria Estadual de Meio Ambiente ouviu atentamente, e registrou as propostas.
A equipe da APATO (ONG financiada pela Fundação Ford) fez uma intervenção, mostrando o que realmente deve-se fazer quando existem comunidades quilombolas em áreas onde o governo quer criar parques ecológicos. Ana Claudia Kaiboá (quilombola do Jalapão) compartilhou sua experiência quando o Parque Estadual do Jalapão foi criado. "Foi um pesadelo. E lá não houve nem consulta pública”, afirmou.
De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semades) está previsto a destinação de pouco mais de 85mil hectares para criação do PEAP, garantindo a conservação de um vasto conjunto de espécies vegetais e animais, incluindo aves ameaçadas de extinção, como o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus), o andarilho (Geositta cunicularia) e o papa-moscas-do-campo (Culicivora Caudacuta).