O Ministério Público Federal e a Defensoria
Pública do Tocantins (DPE) concluíram o relatório sobre inspeção realizada no
estoque regulador da Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins, ocorrida na
sexta-feira, 14, quando foram encontradas várias situações que indicam má
utilização do dinheiro público, gestão inadequada do local e mal
acondicionamento de medicamentos e insumos para saúde.
A medida é parte do inquérito civil instaurado para a coleta regular de elementos
a respeito cumprimento do acordo firmado nos autos da ação civil pública na
qual o Estado do Tocantins se compromete a adotar medidas para regularização no
fornecimento de medicamentos aos hospitais da rede pública. As informações
obtidas e o respectivo registro fotográfico foram encaminhados ao Tribunal de
Contas da União, ao Tribunal de Contas do Estado do Tocantins, à
Controladoria-Geral da União e ao Departamento Nacional de Auditoria do SUS, além
de serem autuadas como notícia de fato distribuída a um dos Ofícios da Defesa
do Patrimônio Público e Social da Procuradoria da República no Tocantins. A
Justiça Federal deve ser informada mediante petição nos autos do processo
6650-45.2013.4.01.4300.
Para realizar o relatório, o defensor público Arthur Luiz Pádua Marques e o procurador
regional dos Direitos do Cidadão Fábio Conrado Loula percorreram todo o espaço
interno e as proximidades do estoque. Foram encontrados produtos vencidos e
também abandonados sem os cuidados higiênicos necessários, como os medicamentos
Biovacuo 4,8 mm, Fluoruracila 50 mg/ml, Digoxina, Citrato de Sildenafila 50 mg,
Glicenax e o Cloridrato de Granisetron. Muitos produtos estavam no chão
dificultando a locomoção, alguns expostos a fezes de animais. Produtos vencidos
estavam acondicionados com produtos que ainda estão no prazo de validade, como
o Faslodex 250 mg, com vencimento previsto para 2016. Esse produto, devido às
más condições de armazenamento, estava com a caixa danificada.
Havia centenas de medicamentos abandonados ou descartados na parte externa do galpão,
alguns com validade vencida. Entre eles, a Fluoruracila 50 mg/ml, medicamento
utilizado no tratamento de tumores como o de mama, que venceu em setembro de
2013; a Digoxina, utilizado no tratamento de problemas cardíacos, com data de
validade até 7/13, estava no lixo, onde também foram encontrados vários frascos
cheios de revelador de raio X, frascos de glicose e de Riciexidina.
Várias caixas de medicamentos, entre eles o Carbidol (indicado no tratamento de
doença de Parkinson), Noripurum (indicado no tratamento de anemias), Neocaína 5
mg/ml (indicada para a produção de anestesia local), Alfainterferona 600 mg,
Genfibrozila, Sulfato de Terbutalina, Necaína 5 mg, além de fraldas, compressas
cirúrgicas, sondas e outros produtos com prazo de validade vencido também
estavam do lado de fora do galpão.
Também chamou a atenção alimentos especiais destinados a pacientes infantis que
sofriam de intolerância a lactose do lado de fora do galpão e à mercê das oscilações
de temperatura, como o Support-nutrison (vencido em março de 2013), Nutri
Enteral, Renalmax, latas de leite da marca Aptamil e Frebini Original Fibre
(vencidos no mês de julho de 2013). Também nessa condição estavam dezenas
caixas de isopor contendo o medicamento Hormotrop Somatropina (hormônio usado
no tratamento de insuficiência de crescimento em crianças e adultos). Na
embalagem, a indicação para que fossem armazenados em temperatura entre 2º e 8º
e protegido da luz.
Sobre a situação encontrada no estoque regulador, o procurador Fábio Loula ressaltou
a necessidade de que o Estado do Tocantins, por intermédio da sua Secretaria de
Saúde, reconheça os frequentes erros de gestão do sistema para que as medidas
corretivas possam ser adotadas. “Nada justifica o desperdício de dinheiro
público com o vencimento de produtos que deverão ser comprados novamente”, disse.
Já o defensor público Arthur Luiz Pádua Marques comentou estar clara a má
gestão dos recursos públicos. “Temos medicamentos vencidos e vencendo e doentes
que poderiam ter usado esses medicamentos. Isso prova a má gestão, que não
observa o que deveria ser observado. Gerir a saúde é lidar com a manutenção da
vida das pessoas”. (Com informações da Defensoria)