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Campo

Foto: Divulgação

As atividades do Programa Eco Seringueira estão incentivando centenas de produtores tocantinenses a investir na cultura. “O cultivo de seringueira é uma solução rentável para melhorar a qualidade de vida do homem no campo”, explicou o secretário da Agricultura e Pecuária, Júnior Marzola, durante o Dia de Campo do Programa Eco Seringueira, que ocorreu nesta quinta-feira, dia 27, em Santa Fé do Araguaia, a 420 km de Palmas. O evento ocorreu na Fazenda Novo Horizonte, de propriedade do heveicultor Eurides Fachini, e contou com mais de 240 produtores e com a participação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), instituição parceira na estruturação dos pólos de seringueiras pelo Tocantins.

Durante passeio pela propriedade no período da manhã, os produtores puderam observar o cultivo de seringueira em diferentes estágios, desde a produção e plantação de mudas, implantação, manejo do seringal e da sangria. O engenheiro agrônomo, Marcos Murbach, consultor com mais de 20 anos de experiência em heveicultura e palestrante do Dia de Campo, explicou a todos cada estágio observado. “Plantar seringa é a arte de não matar a muda. E os cuidados com a planta devem ser mais intensos no momento do plantio, sempre em nível, e que deve ser molhado em seguida, e também durante o primeiro ano no combate aos fungos”.

Murbach afirmou que, em comparação a outros estados, o Tocantins não tem fatores limitantes para a heveicultura. “Não há necessidade de irrigação nesta região devido à quantidade de chuvas. Em estados como Paraná e São Paulo, com um ano, a planta tem menos de dois metros de altura, enquanto aqui, no mesmo período a planta tem quase três metros de altura”, disse.

Ao mesmo tempo em que explicava, Murbach sanava as dúvidas dos produtores interessados em iniciar o cultivo em suas propriedades. Este foi o caso do produtor, Francisco Barbosa, que vive junto a 402 famílias no assentamento Reunidas, no município de Aragominas, e observou que não há grandes dificuldades para o cultivo. “Sempre tive vontade de plantar porque sei que pela rentabilidade é uma garantia para o resto da vida. Já tenho até uma área reservada para o plantio na minha terra. Agora vou buscar recursos para fazer o investimento inicial”, afirmou Barbosa.

Produção

Uma situação que deixa alguns produtores inseguros quanto à produção de seringa é o período de sete anos necessários para que a planta inicie sua produtividade. O engenheiro agrônomo, Marcos Murbach, explica que o consórcio com outras atividades agrícolas com ciclo mais curtos é a solução para manter uma fonte de renda. “Durante os sete anos de cuidados com a seringueira ainda sem produtividade, o produtor pode integrar com diversas culturas. Já vi casos de consórcio com milho, banana, amendoim, cacau, urucum, laranja, café, soja e abacaxi. São muitas possibilidades de combinação. Na fazenda Novo Horizonte, o Sr. Fachini optou por amendoim e milho”, contou.

Rentabilidade

Segundo Murbach, após os sete anos iniciais, cada seringueira apresenta uma produtividade de oito quilos de borracha por ano, que pode ser vendida pelo valor mínimo de R$ 2,50, o quilo. “A atividade da seringa é muito adequada ao agricultor familiar pela rentabilidade e pela facilidade no manejo. Pois, em cada hectare podem ser plantadas 400 mudas, e apenas uma pessoa é capaz de manejar até três mil plantas”.

O engenheiro florestal da Diretoria de Agroenergia e Florestas Plantadas da Secretaria da Agricultura e Pecuária, Fernando Dorta, destacou a longevidade do cultivo de seringueira, que é produtivo por cerca de 40 anos. “É uma fonte de renda que pode garantir até a aposentadoria do produtor. Existem linhas de crédito que incentivam a produção de eco florestas através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)”, explicou, acrescentando que outra razão para estimular essa produção é atingir as metas do Plano da Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), com a redução da emissão de gases do efeito estufa.

Mercado

O proprietário da fazenda Novo Horizonte, Eurides Fachini, trabalha há 50 anos na plantação de laranja em São Paulo, e afirmou que o cultivo de seringueiras foi uma casualidade porque ele já adquiriu a propriedade na década passada com plantas em produtividade. Atualmente conta com 300 mil seringueiras em 630 hectares.

Fachini destacou que todo produto da seringueira já tem mercado certo. “Não conheço uma cultura agrícola que seja mais rentável do que a seringa. A demanda é grande. E só para participarem do evento, todos precisaram gastar borracha, seja a dos pneus ou a sola do sapato”, brincou, completando que o escoamento da produção é muito simples. “O produtor faz contato com usinas de látex em outros estados, e as próprias empresas realizam a logística para buscar a borracha dentro da propriedade”.

 Presentes

 Também estiveram presentes os prefeitos de Aragominas e Santa Fé do Araguaia, Sebastião Tatico e Elsir Soares, respectivamente, representantes de Sindicatos Rurais e assentamentos da região, além de caravanas dos municípios de Aragominas, Juarina, Santa Fé do Araguaia, o que resultou na participação de 246 produtores rurais inscritos. (Ascom/Seagro)