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Opinião

O Brasil teve, e ainda tem,  inúmeras doenças endêmicas; algumas delas erradicadas, muitas sob controle e outras grassando avassaladoramente. Entre estas, a mais terrível e aparentemente sem controle é a corrupção. Esse mal, essencialmente moral, sobrevive e ataca com insidiosidade permanentemente renovada.

O caso mais recente é o do doleiro Alberto Yousseff, que iniciou sua ‘carreira’ baseado na cidade paranaense de Araucária (Região Metropolitana de Curitiba). Foi inúmeras vezes investigado e preso temporariamente, inclusive por envolvimento com o tráfico de drogas. Atualmente está novamente preso envolvido na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A corrupção contamina e a cada surto ou recrudescimento alcança novas vítimas nem um pouco imunes e que deliberadamente se expõem por excesso de patologias, especialmente as de caráter.

Voltemos ao doleiro Yousseff, um dos tentáculos da corrupção no país. Ele age há muito tempo e assim continuará – pressupõe-se. Apenas muda a ‘clientela’, porém os meios são os mesmos.

Na  década de 1990, no conhecido escândalo do Banestado (Banco do Estado do Paraná, posteriormente vendido ao Itaú), Yousseff estava lá, no centro das investigações. A ramificação de sua atuação alcançava outros órgãos públicos. Posteriormente, por ocasião de uma CPI sobre o narcotráfico no Paraná, novamente o empresário estava envolvido; depois disso veio o caso na Prefeitura de Maringá (Noroeste do Paraná), cuja investigação encontrou corrupção, desviou de verba pública e lavagaem de dinheiro. Um dos investigados foi exatamente Alberto Yousseff. Depois disso houve o episódio  Comurb (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina, Norte do Paraná), escândalo de corrupção ocorrido na Prefeitura de Londrina no fim dos anos 1990, que resultou na cassação do então prefeito. O doleiro acabou como réu também nesse processo.

No curso dessas investigações Alberto Yousseff  ‘entregou’ muita gente, deu nome a todos, políticos, empresários gestores públicos. E o que aconteceu, inclusive a Yousseff? Nada, tanto que o doleiro continuava livre para montar esquemas envolvendo novos nomes da política, principalmente.

Agora, com mais uma prisão de Alberto Youssef e outros envolvidos acende-se a chama da esperança de que desta vez o mal da corrupção sofrerá duro golpe. Esse é o desejo, porém a experiência mostra que o caso cairá no esquecimento e logo adiante todos estarão novamente livres e atacando, isso é recorrente, é endêmico.

A continuar sempre assim nada vai mudar, a corrupção (especialmente no âmbito público) continuará e o sentimento de impunidade persistirá em toda a sociedade, com o agravante de que a sistemática ausência de punição pode, pelo mau exemplo, despertar propensões para o ilícito...

Luiz Carlos Borges da Silveira é médico, ex-ministro da Saúde e ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Tocantins