A antecipação das férias por conta da Copa é uma razão a mais para as crianças passarem por consulta oftalmológica antes da volta às aulas. Isso porque, muitas vão ficar com os olhos grudados nas telas dos equipamentos disponíveis em casa. O hábito praticamente dobra o risco de desenvolver miopia. É o que mostra um estudo realizado pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, com 360 crianças de 9 a 12 anos. Entre os participantes que ficavam usando alguma tecnologia por até 6 horas, 21% foram diagnosticados com miopia. Nessa faixa etária a prevalência apontada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) é de 12%.
Miopia acomodativa
Queiroz Neto afirma que a miopia é um erro de refração no qual as imagens são focalizadas antes da retina, fazendo com que a visão de longe fique desfocada. Pode ser hereditária ou causada por fatores ambientais. Este é o caso do excessivo esforço para enxergar de perto que causa miopia acomodativa entre crianças. Ele chama a atenção dos pais para o monitoramento do uso de equipamentos eletrônicos durante as férias. Isso porque, a criança que a cada hora de uso do computador ou outro dispositivo descansa os olhos por 15 a 30 minutos evita o desenvolvimento da miopia acomodativa que atrapalha o rendimento escolar. Se a criança não tiver monitoramento, adverte, vai ter dificuldade permanente de enxergar de longe. Para ele, o vício em jogos eletrônicos, navegar pela internet e redes sociais em telas cada vez menores explica o aumento de míopes em todas as faixas etárias. É bem verdade, comenta, que os diagnósticos de alterações na visão estão cada vez mais precisos, mas a mudança de hábitos, a maior exigência da visão de perto contribui com este crescimento.
Miopia hereditária
O médico diz que a miopia poder ser transmitida geneticamente, mas ainda assim não significa que necessariamente seja passada de pai para filho. Isso porque, quando uma criança nasce, suas características físicas são determinadas em 50% pelos cromossomos da mãe e em 50% pelos cromossomos paternos. Se apenas um dos pais é míope e o filho herda o gene dominante da miopia, tem 50% de chance de se tornar míope. No caso dos pais serem portadores do gene, mas não apresentarem a doença, a probabilidade de o filho ser míope cai para 25%. É isso que explica porque uma criança pode ter olhos normais mesmo que os pais tenham miopia – herdou o gene recessivo. Ele afirma que por muito tempo a comunidade oftalmológica internacional tratou a miopia como um erro de refração causado por fatores genéticos, exclusivamente. O crescimento do problema no mundo todo mostra que além dos genes os hábitos podem fazer a diferença para a visão. Além de descansar olhando para o horizonte, crianças devem ter mais atividades ao ar livre com um horizonte mais amplo.