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Polí­tica

Foto: Divulgação

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O caos da saúde pública vivido pelo Tocantins nos últimos anos foi classificado pelo deputado estadual  Freire Júnior como inegável e inaceitável na manhã desta terça-feira, 12, em pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa. Ele disse que além de envergonhado, sente-se também revoltado, indignado, injuriado com o descaso que o governo do Estado tem demonstrado para com a população do Tocantins em uma área que lhe é vital.

“O caos é absoluto e já não é mais apenas um caso de má gestão, de incompetência administrativa, de desgoverno. Agora o caos é também um caso de polícia, um atentado à vida, uma desumanidade cruel e inexplicável”, revoltou-se o parlamentar.

Em suas análises, Freire Júnior avaliou a situação por regiões em todo o Estado. A conclusão do parlamentar é que de Norte a Sul, Leste a Oeste do Estado não há diferenciação. A população padece com um descaso que põe a saúde pública na UTI.

“Num dia, sabe-se que no hospital público de Araguaína a comida servida aos pacientes se resume apenas e somente a arroz e salada. No outro dia, vem à tona a denúncia de que no hospital público de Palmas a alimentação dos doentes é à base de macarrão e salsicha”, alertou ele, acrescentando ainda a situação no Hospital Regional de Gurupi.

“Em Gurupi, no hospital regional da cidade, um homem passa mal, sofre um infarto, espera a noite inteira para ser atendido e morre ao amanhecer por não receber os cuidados necessários”, escandalizou-se.

Outro ponto que o deputado abordou foi o desrespeito com que o governo vem tratando seus servidores. Uma prática comum tem sido o atraso de salários. E mais recentemente, o não pagamento por plantões e horas extras, que atingem desde técnicos de enfermagem até médicos, noticiados amplamente pela imprensa local.

“De volta a Palmas, no maior hospital público da cidade é anunciada uma greve médica de plantonistas porque eles não recebem as horas extras devidas e acordadas. A UTI aérea, necessária e imprescindível para transportar pacientes graves, não funciona porque o governo não paga pelo serviço”, lamentou Freire Júnior.

A taxa de mortalidade nos hospitais públicos do Tocantins também foi alvo das críticas do parlamentar. “Por sinal, a taxa de mortalidade nos hospitais públicos do Tocantins é uma das mais elevadas do País. Só nos seis primeiros meses deste ano, quase 1.500 pessoas perderam a vida nos corredores dos nossos hospitais. É o terceiro pior índice do país, perdendo apenas para o Pará e o Amazonas – estados que têm o dobro ou o triplo da nossa população”, avaliou.

Outro grave problema que põe o Tocantins no ranking das piores saúdes públicas oferecidas à população entre os estados brasileiros foi sobre a falta de insumos básicos para atendimento de pacientes. “Faltam remédios no Hospital Geral de Palmas, que também acumula perigosamente o seu lixo porque o governo deixou de pagar a empresa que o recolhia.”, informou Freire, acrescentando: “As Cirurgias eletivas estão suspensas nos principais hospitais públicos do estado, simplesmente porque não há material disponível para realizá-las”.

Um caso que o deputado ilustrou foi o de Augustinópolis, que por conta de uma reforma que começou e nunca terminou pacientes são atendidos nos corredores, deitados no chão, em condições humilhantes e degradantes. “Um menino com meningite morreu no Hospital Regional de Araguaína porque demorou muito a diagnosticar a doença, tratada primeiro como virose e depois como apendicite”.

E assim, citou diversos casos que foram noticiados e podem ser conferidos nos arquivos de telejornais, nos sites e nas páginas de jornais de todo o Estado. “Esfaqueado, um jovem sangrou até a morte no Hospital Geral de Palmas à espera de atendimento. Em Gurupi, doentes graves são obrigados a voltar para casa por falta de médicos e de equipamentos necessários ao atendimento. Em Colinas, um bebê com problemas respiratórios morre agonizante porque não há vaga para ele na UTI. E mais e mais e mais”, disse.

Indignado, o deputado Freire Junior lamentou a situação que poderia render ainda mais o que se falar. “São tantos os casos escabrosos e absurdos, senhor presidente, que eu poderia ficar aqui enumerando-os horas a fio. Não há tempo, no entanto. Mas há que se falar, que se denunciar, que se protestar. Contra a falta de gestão, a falta de governo, a falta de vergonha.

De acordo com ele, recursos para atendimento à saúde existem, o que não existe é uma boa gestão da verba. “Porque dinheiro para saúde o estado do Tocantins tem – no ano passado, por exemplo, o investimento foi de 1 bilhão e 130 milhões de reais, o que significa uma média de 764 reais por habitante. O que não se tem, o que falta a esse governo de agora que repete o de ontem em suas mazelas e em seus erros, é competência para usar as verbas disponíveis, é inteligência para cuidar do nosso povo, é vergonha para entender que não se brinca com a vida de ninguém”, solidarizou-se.

O deputado também criticou as sucessivas tentativas de transferir responsabilidades, por meio da terceirização dos serviços que são próprios do estado, como a atual proposta do governador da continuidade em Araguaína, tentando pagar a particulares quase 300 milhões para responder pela saúde pública da cidade. “É um desfaçatez e uma vergonha sem limites. É claro, óbvio e evidente que isso cheira a maracutaia, a roubalheira, a corrupção.”

O deputado Freire Júnior alertou que é necessário estar atento, especialmente agora, em ano eleitoral, “Às vésperas de uma eleição que eles sabem que está perdida por conta do acúmulo de erros que cometeram ao longo desses últimos quatro anos. Felizmente, minhas senhoras e meus senhores, esse quadro dantesco, desumano, vai mudar.

O parlamentar disse acreditar que o próximo governador, que em seu desejo será  Marcelo Miranda, que as coisas tomem um rumo diferente  e a população seja atendida conforme suas necessidades. “O governador Marcelo Miranda já anunciou que a saúde pública será prioridade absoluta na sua administração, tanto que ele mesmo será ao mesmo tempo o chefe de estado e o secretário desta pasta que precisa, que necessita de pulso firme e mudanças radicais”, adiantou.

Freire Júnior acredita tanto na mudança e a considera tão necessária que afirmou: “Vamos ter, então, planejamento, organização, controle e atendimento adequado. Vamos ter os hospitais regionais que se anunciam e não se concretizam, descentralizando o atendimento nas principais regiões do Tocantins. Vamos ter centros de saúde em parceria com os municípios e com o apoio do governo federal. E vamos ter principalmente, essencialmente, respeito à vida humana – o que esse e o governo antecessor não têm, nunca tiveram e jamais terão. O Tocantins vai mudar!”, finalizou.