O Brasil tem, hoje, 32 partidos políticos registrados e mais pelo menos cinco com pedido de registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, esse excessivo número não quer dizer mais opções para o eleitor. Falta uma sigla que seja o contraponto, não mais do mesmo. O pluripartidarismo acenava com a possibilidade de diversidade em termos de ideologias e ideias, mas nada mudou, daí as campanhas polarizadas entre duas legendas, o que não contribui para renovação de debates e propostas, pois na essência os partidos são a mesma coisa.
Existe carência, por exemplo, de partidos com viés liberal para contrabalançar. O PFL, hoje DEM, chegou perto disso, porém desvirtuou-se quando poderia ser o grande representante do liberalismo e acabou se tornando um anexo do PSDB, apequenou-se e de força política com expressivo número de governadores atualmente nenhum tem e suas bancadas no Congresso, nas Assembleias dos principais estados e nas Câmaras municipais de importantes e influentes colégios eleitorais são absolutamente ridículas em termos de número. E o PMDB nada mais é do que um partido fisiológico colado no governo, seja de que lado for, sem definição ideológica, com uma cara em cada Estado, sem uniformidade de pensamentos e discurso, pois cada um pensa e age de acordo com interesses individuais ou de pequenos grupos.
Restaram então PSDB e PT, mera dicotomia política e maniqueísmo apenas aparente enfatizado nas campanhas eleitorais para engodar o eleitor, constatação que levou o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, teórico dos tucanos, a dizer em artigo publicado na imprensa nacional em 4 de janeiro deste ano, que esses partidos com suas doutrinas “distorcem o significado do voto”, considerando que o sistema “não tem partidos relevantes de direita nem revolucionários de esquerda”. Então, quando o eleitor faz opção entre PT e PSDB, ou vice-versa, apenas troca seis por meia dúzia. É o primitivismo político.
Esses dois partidos monopolizaram as eleições presidenciais nos últimos vinte anos acolhendo em suas coligações diversas ideologias. Esse quadro não possibilita um choque de gestão que provavelmente seria muito bom para o Brasil.
Para os menos pessimistas ainda há esperança, sendo citados o Partido Novo e o Rede, em processo de formação e registro, respectivamente. Para os menos otimistas, isso não resolverá se essas agremiações não se apresentarem depuradas e não assentadas nas normas viciadas da política brasileira. Senão, apenas aumentarão o número de partidos nessa extensa lista de siglas insignificantes.
* Luiz Carlos Borges da Silveira é médico, ex-ministro da Saúde, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Tocantins e ex-secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Emprego do Município de Palmas-TO