Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Palmas

Foto: Divulgação Imagem de antes e depois foi publicada em rede social pelo secretário Hector e ainda na página dos Jogos Mundiais Indígenas e causou preocupação Imagem de antes e depois foi publicada em rede social pelo secretário Hector e ainda na página dos Jogos Mundiais Indígenas e causou preocupação
  • Grande arena prometida próxima ao Estádio Nilton Santos
  • Prefeitura prometeu construir Museu do Índio sob a ponte do ribeirão Taquaruçu
  • Aldeia Global prometida para abrigar os participantes durante o evento

A realização dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) em Palmas começa a trazer preocupação para os palmenses que querem ver o sucesso da capital. A professora doutora pela Universidade de Coimbra e docente da Universidade Federal do Tocantins, Lúcia Helena Mendes Pereira, residente no Estado há mais de 10 anos é uma das que demonstra preocupação com a concretização das obras prometidas no projeto que a Prefeitura Palmas apresentou e foi o escolhido pelo Comitê Organizador dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. "O que preocupa é que toda uma estrutura que foi prometida a gente não está vendo acontecer. [...] Os rumores que há é que pelo menos a rosa dos ventos que é o projeto mais espetacular e complexo não vai ser feito. Palmas lança um projeto, ganha de mais duas cidades e apresenta outra coisa, é no mínimo uma injustiça com a sociedade", frisou. 

Os jogos acontecerão de 23 de outubro a 1° de novembro de 2015 com a presença de mais de dois mil atletas indígenas de 30 países. Lúcia Helena lembrou a importância do evento para Palmas e a expectativa para que tudo dê certo. A professora diz ter ciência de que Palmas não tem estrutura para receber a quantidade de pessoas que vem à Capital com o evento e ainda, que, quem viaja para fora do País sabe que os jogos estão sendo muito esperados. "Além de morar aqui e saber que Palmas não tem estrutura para receber essa quantidade de gente, porque se você for olhar só de delegações estrangeiras vem pra lá de 40. Vem gente de muitos países, fora os curiosos, o turismo que isso envolve. Os rumores é que eles não vão fazer o projeto prometido, principalmente a parte mais interessante do projeto que é a rosa dos ventos. O projeto é lindo", afirmou.

Na rede social Facebook, no dia 5 de junho, o secretário extraordinário dos jogos Indígenas da Prefeitura de Palmas, Hector Franco, publicou duas imagens do local onde serão realizados os jogos. Uma com o escrito "antes" e outra imagem com a palavra "depois" para mostrar, segundo o secretário, a evolução das obras de infraestrutura da Vila dos Jogos - em torno do Estádio Nilton Santos. Entretanto, as imagens causaram comentários de preocupação dos internautas, uma vez que, as fotos não mostram diferença alguma entre o antes e o depois e ainda usa o Estádio, que foi construído no ano 2000, tentar demonstrar que alguma coisa foi feita.

A professora doutora foi uma das pessoas que comentaram na publicação, que teve posteriormente os comentários apagados. "Evidente que para o desenvolvimento de Palmas seria maravilhoso que tudo isso desse certo, mas ficamos preocupados, a gente não quer lançar nada negativo sobre Palmas", disse Lúcia Helena. 

Entre as promessas de infraestrutura apresentadas no projeto, pela Prefeitura de Palmas, está a construção da aldeia para alojamento das etnias brasileiras, refeitório, oca digital, praça de alimentação com comidas típicas, campo de beisebol, raia olímpica, grande arena, museu do índio, feira de artesanato, Centro de Iniciação ao Esporte (legado das olimpíadas) e Centro de Excelência de Futebol (legado da Copa do Mundo), além de salas de apoio técnico e destinadas à imprensa. O secretário extraordinário da pasta, Hector Franco, já chegou a dizer que 80% das obras estão concluídas, momento em que também afirmou que o alojamento dos atletas será feito em escolas de tempo integral. Na oportunidade, entretanto, o secretário não esclareceu como se dará a logística de saneamento dos locais para melhor conforto dos atletas indígenas. 

Fala muito e trabalha pouco 

O vereador Lúcio Campelo (PR) afirma que o prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB) fala muito e trabalha pouco, que Palmas não está preparada para o evento e, ainda, que há falta de comprometimento e inércia na execução das obras por parte da gestão municipal. O vereador cobrou responsabilidade: "Não podemos fazer vistas grossas com a falta de comprometimento. Ou eles vão ter que fazer um mutirão com rapidez para resolver os problemas ou nós vamos passar vergonha. Não tem segredo. A gente deseja sucesso para a nossa cidade, que caminhem bem, mas os próprios atos da gestão estão dizendo por si só. Acho que Palmas não estava preparada para uma propositura de tamanha monta e importância, mas já que ela se propôs é preciso que a gente trabalhe para que ocorra dentro do processo de normalidade e sucesso. Que a cidade ganhe com isso, notoriedade nacional e mundial", afirmou. 

Lúcio Campelo disse que o adiamento dos jogos que aconteceriam de 15 a 26 de setembro foi em função da inércia na execução das obras. "Espero que esse prazo de adiamento seja suficiente para que tudo aconteça, ocorra bem. Claramente percebe-se que falta comprometimento da gestão com o que ela mesma se propõe. Dois anos e meio e até agora só grama e pintura de meio fio. Infelizmente, por enquanto, é só salão de beleza, maquiagem", alfinetou. 

A possibilidade dos palmenses passarem vergonha foi comentada pelo vereador. Segundo Lúcio Campelo, o risco é iminente e depende de quem está à frente da solução dos problemas. "O risco está iminente pela falta de ação que a gente percebe claramente. Aí a sociedade tem que observar essa situação”, avaliou. 

Ministério dos Esportes

O ministro dos Esportes, George Hilton, visitou Palmas em fevereiro, quando informou sobre a liberação de R$ 4 milhões para as obras dos jogos ainda no ano passado e demonstrou preocupação com a conclusão das obras.

O Conexão Tocantins solicitou ao Ministério dos Esportes todas as informações possíveis e posicionamento quanto a lentidão na conclusão das obras, mas foi informado que, por não ter informações oficializadas no momento, só poderá manifestar-se após o Congresso Técnico Internacional e lançamento oficial da 1ª edição dos Jogos Mundiais Indígenas que acontece entre 23 e 25 de junho. 

Representantes indígenas de 24 etnias nacionais e 22 internacionais participam entre os dias 23 e 25 de junho, em Brasília, do Congresso Técnico Internacional e do lançamento oficial da 1ª edição dos jogos. O evento faz parte de uma parceria entre o Ministério do Esporte, o Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC) com a participação da Prefeitura de Palmas.

Prefeitura de Palmas 

O Conexão Tocantins solicitou posicionamento do secretário Extraordinário dos Jogos Mundiais Indígenas, Hector Franco, quanto ao cronograma e andamento das obras, mas, o mesmo informou que não poderia dizer nada por estar em reunião e que sua assessoria irá posteriormente enviar release informando sobre o andamento das obras. 

Confira o vídeo promocional sobre os Jogos Mundiais Indígenas.