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Cultura

Foto: Divulgação

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Maurício nasceu em Mateiros, cidade com pouco menos de 2 mil habitantes. Localizada a 220 quilômetros da capital Palmas, a região é conhecida por abrigar a maior parte das atrações ecoturísticas do Jalapão, inclusive o Parque Estadual do Jalapão. 

Na verdade, esse homem de 42 anos nasceu na comunidade Mumbuca, distante 30 km de Mateiros, conhecida pela produção do capim dourado. E ele tem muito orgulho de sua origem. Estamos falando de Maurício Ribeiro, o único representante tocantinense do Projeto Sonora Brasil, programa nacional do Sesc que possibilita o contato com a diversidade da música brasileira por todo país. 

“Pela primeira vez em 17 edições do Sonora Brasil, o Tocantins tem um músico convidado para participar do projeto, dentro da temática Violas Brasileiras, mostrando a sonoridade da viola de buriti para todo país. É um fato para se comemorar muito”, analisa Veridiana Barreto, promotora de música do Sesc Tocantins. 

“Ter um artista do Tocantins inserido no circuito por desenvolver um trabalho exclusivo é um orgulho para todos nós do Sesc. É uma valorização da nossa cultura local”, frisa Ana Isabel Friedlander, coordenadora de cultura do Sesc/TO. 

A viola de buriti é um instrumento da cultura tocantinense. Criada pelo avô de Ribeiro, seu Antônio, na década de 1940, o instrumento era parecido com uma rabeca, precursor do violino. Foi o neto de Antônio que a adaptou para ser tocada como uma viola. 

A produção é totalmente artesanal. As quatro cordas são feitas com linha de pesca. A matéria-prima é o buriti, palmeira encontrada em abundância nas beiras dos rios de Mateiros. O braço da viola é feito com outro tipo de madeira. A afinação do instrumento, segundo garante seu dono, é natural. 

“Meu avô tocava catira e folias. Eu comecei a ter contato com a música em minha mocidade, quando tocava a viola em igrejas evangélicas. Deixei-a de lado um tempo quando aprendi sozinho a tocar violão, guitarra, sanfona e teclado. Em 2000, eu ‘relembrei’ da viola e agora ela passou a ser mais conhecida em todo Brasil”, explica o músico, lembrando de sua facilidade de aprender novos instrumentos sem nunca ter tido uma aula. 

Além de tocar, o tocantinense também canta. Nos shows do Sonora Brasil serão apresentadas seis músicas da autoria do representante de Mateiros. “Estou alegre de ter essa oportunidade de conhecer novos parceiros e de mostrar a sonoridade da viola de buriti. A única parte ruim é ficar muitos dias fora. Sinto saudades de minha família”, comenta, dizendo que sua terra é Mumbuca e que não mudaria nem para Palmas, local que gosta “só para passear”. 

Maurício terá uma maratona pela frente até 5 de dezembro. Serão 57 apresentações nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Neste fim de semana, o tocantinense estará nas cidades gaúchas de Canoas (sábado, dia 1º) e em Montenegro, no domingo. Junto com ele, vão se apresentar ainda Sidnei Duarte com a viola de cocho (Mato Grosso) e Rodolfo Vidal com a viola fandangueira (São Paulo). Em 2016, é hora do trio vir para os estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, inclusive para o Tocantins. 

Sonora Brasil

O projeto Sonora Brasil promove a circulação da música brasileira e sua diversidade, além de contribuir para a formação de plateia e pelo gosto musical. Para o artista é a oportunidade dada de difundir seu trabalho para além da região de origem e para o público é a chance de apreciar novos estilos, despertando um olhar especial sobre a história da música brasileira. 

O tema “Violas Singulares” é voltado para diferentes tipos de violas que não foram difundidas além das regiões em que nasceram, permanecendo ligadas à cultura local, como no caso da viola de buriti. (Ascom Sesc)