A chegada do período de chuva em diversos estados brasileiros favorece a circulação do mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue. A doença infecciosa ocasiona febre alta, enjoo, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores nas costas e, às vezes, manchas vermelhas no corpo. Mas, e quando a dengue acomete crianças que ainda não conseguem expressar com exatidão os sintomas?
Segundo a pediatra do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HU-UFG), Maria Selma Neves da Costa, se a criança apresenta febre, o diagnóstico de dengue deve ser considerado.
“O tratamento básico para crianças é o mesmo para o adulto. Caso a criança esteja com febre, uma vez que não é possível saber se trata-se de dengue no início do quadro, deve ser evitado o uso de anti-inflamatórios, como a aspirina, e iniciada a ingestão de líquidos como sucos, caldos, sopas e soro oral. Quanto mais cedo iniciada a hidratação, menor a chance do quadro se tornar grave”, explica a médica.
Ainda de acordo com a pediatra, em alguns casos, existe a necessidade de internação do paciente para hidratação via intravenosa. Foi o caso de pequeno João Marcelo, de 10 anos, que já teve dengue duas vezes: em outubro do ano passado e em fevereiro desse ano. Nas duas vezes, ele ficou internado no HC-UFG.
“Na primeira vez, como ele tem bronquite e asma, eu achei que era sinusite, por causa do tempo. Levamos ao pronto-socorro pediátrico do Hospital de Clínicas, a médica fez hemograma e diagnosticou dengue. Ele ficou internado quatro dias. Na segunda vez, pensei que era gripe. Dessa vez foi mais grave e havia risco de problema nos órgãos. Mas com cinco dias conseguimos levá-lo pra casa”, conta a mãe do garoto, Ângela Cristina Bueno.
Vacina
Desde 2011, o Hospital de Clínicas e a UFG participam de um estudo internacional em parceria com a Sanofi Pasteur para a produção de uma vacina contra a dengue. Essa é a primeira pesquisa na área que chegou à fase de teste em humanos e está em processo de licenciamento pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Cerca de 20 mil crianças e adolescentes da América Latina, com idades entre 9 e 16 anos, participaram do estudo; 600 somente em Goiânia. Campo Grande (MS), Natal (RN), Fortaleza (CE) e Vitória (ES) também fazem parte da pesquisa.
Segundo Maria Selma, que participa do estudo, a eficácia da vacina é diferente para cada um dos quatro tipos de vírus que causam a dengue. Antes de ser liberada pela Anvisa, estão sendo discutidos os benefícios, eficácia e custo do produto.
“É muito complexo adquirir e manter ao longo do tempo uma vacina para aplicar em toda a população do País. É uma solução que não é de imediato”, ressalta a médica.
Prevenção
Para prevenção da doença, deve-se eliminar os focos de acúmulo de água, propícios para a criação do mosquito transmissor. É importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, pneus, vasos de plantas, garrafas, caixas d’água, tambores, lixeiras, entre outros.