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Cultura

O Projeto Sonora Brasil 2015 está chegando ao fim. Nesta quarta-feira, 25, Palmas recebe a última apresentação da temporada, na série Cantos de Trabalho. Cantadeiras do Sisal e Aboiadores de Valente se apresentam a partir das 20h, no Auditório da Fecomércio (Sede Administrativa), que fica na Teotônio Segurado, próximo ao Detran. O grupo é composto pela união de duas atividades históricas em uma região baiana: produção de sisal e a concentração de fazendas agropecuárias de bovinos e caprinos.

Valente é uma cidade do nordeste da Bahia. Localizado a cerca de 240 quilômetros da capital, o município de pouco mais de 27 mil habitantes está localizado na região que mais produz sisal no país, planta utilizada para fabricar tapetes, fios e cordas. 

A mão de obra era composta por mulheres, que trabalhavam desde o plantio até a fabricação de produtos derivados da planta e hoje são artesãs, ofício alternativo ensinado a elas para fugirem das jornadas pesadas e mal remuneradas da cadeia produtiva do sisal. Assim, elas relembram esses tempos com um repertório musical composto por cantigas novas e antigas, cuja temática trata de questões cotidianas da produção sisaleira. Participam do grupo: Izabel, Alda, Ivamarcia, Carminha, Marisvalda e Cássia.

Outra atividade recorrente em Valente é a presença dos aboiadores, profissionais que entoam um canto específico para conduzir o gado ou organizar o rebanho. A presença da agropecuária é tão forte que até a cidade foi batizada devido a história de um boi desgarrado que caiu em uma cacimba (poço artesanal) chamado posteriormente de Caldeirão do Boi Valente.

Dessa maneira, Ailton Aboiador, e o filho, Ailton Jr, profissionais conhecidos na região, integram o grupo cantando aboios e toadas, canções sem palavras com melodia lenta, acompanhando o passo dos animais e sempre contando com um incentivo final para forçar o gado a continuar andando. 

Sonora Brasil

A temporada 2015 do projeto trouxe o tema Cantos de Trabalho ao Tocantins, que apresentou expressões musicais relacionadas ao trabalho profissional e suas características. O objetivo era tornar vivo o canto de comunidades, usados para aliviar o desgaste físico, para passar o tempo ou ainda para externar a crítica e o lamento com as condições em que eram submetidos. Ao todo, foram seis concertos realizados no estado: quatro em Palmas e dois em Gurupi.

“Em cada apresentação tivemos uma média de público de 90 pessoas. Conhecemos o canto de trabalho de regiões de Alagoas, Maranhão, Minas Gerais e Bahia. Termos acesso a essa musicalidade, não presente nos meios de comunicação ou em mídias fonográficas, só reforça o objetivo do Sonora Brasil de formar ouvintes musicais e mostrar a música feita pelo nosso povo”, relatou a promotora em música do Sesc, Veridiana Barreto.

Para 2016, é tempo de mudanças. A primeira é em relação ao tema. Sai os Cantos de Trabalho e entram as Violas Brasileiras, com quatro apresentações mostrando o desenvolvimento do instrumento nas diversas regiões do país. 

Veridiana adianta que Gurupi continua recebendo duas apresentações do projeto e que Palmas sediará, pela primeira vez, a Mostra Sonora Brasil, em que os quatro grupos se apresentam na mesma semana, um por noite. É a chance de ver e ouvir Mauricio Ribeiro, tocantinense nascido em Mateiros, que rodou boa parte da Região Sul e Sudeste neste ano, mostrando a sonoridade da viola de buriti, instrumento criado pelo avô de Mauricio.