No mundo os acidentes de trânsito são a nona maior causa de mortes. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os acidentes de trânsito são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade; o segundo, na faixa de 5 a 14 anos; e o terceiro, na faixa de 30 a 44 anos. Neste cenário, o Brasil é o quinto País com maior número de acidentes.
O problema tem chamado atenção e recebido especial atenção do poder público e da sociedade em geral no Maio Amarelo, mês escolhido para aumentar ações de conscientização da população sobre responsabilidades, comportamento e avaliação de ações no que diz respeito aos riscos no trânsito.
As despesas com acidentes de trânsito correspondem, segundo a OMS, entre 1% e 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país. Um custo que passa pelos serviços de saúde, com lotação de hospitais, gastos com tratamentos e ocupação de leitos, ônus à empresa, caso a vítima seja empregado, custos para o INSS e previdência, além das consequências na família.
A imprudência e a violência no trânsito vêm impactando diretamente as unidades hospitalares do Tocantins. Esse tem sido um dos fatores que mais contribuem para a superlotação e sobrecarga dos profissionais nas unidades hospitalares do Estado, já que as vítimas de acidentes de trânsito geralmente passam mais tempo internadas e os leitos permanecem ocupados, não havendo rotatividade.
No Tocantins, só em 2016 já foram atendidas 1.287 pacientes vítimas de acidente de trânsito nos maiores hospitais do Estado. Foram 850 atendimentos no Hospital Geral de Palmas (HGP), 301 no Hospital Regional de Araguaína (HRA) e 136 no Hospital Regional de Gurupi (HRG). Dados da Diretoria de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) da Secretaria de Estado da Saúde, apontam que no primeiro quadrimestre deste ano, 115 pessoas foram a óbito devido a esse tipo de acidente.
Em 2015, foram aproximadamente 3 mil atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito só no HGP e cerca de 2 mil no Hospital de Araguaína. Segundo dados da DANT, em 2015 foram 590 mortes por acidentes no trânsito em todo o Estado.
Para o secretário de Estado da Saúde, Marcos Musafir, os dados alertam para os cuidados que todos precisam ter. “O uso do capacete, do cinto de segurança e das cadeiras adequadas para a idade de cada criança são imprescindíveis, assim como a atenção redobrada ao dirigir e o não uso do celular enquanto estiver ao volante”, destacou, acrescentando que o respeito à sinalização e aos limites de velocidade também colaboram para que sejam evitados acidentes e sejam diminuídos os custos com pacientes traumatizados.
O custo de um paciente que apresenta várias fraturas, o que acontece com 90% dos acidentados de trânsito, fica em torno de R$ 2.000 e R$ 2.500 a cada três dias de internação normal, sem uso da média e alta complexidades, como Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e centro cirúrgico. Já com o paciente que precisa desses serviços, o valor fica entre R$ 3.600 e R$ 4.000, levando em consideração o mesmo tempo de internação. O aumento é constatado em função do valor da diária da UTI e dos exames da alta complexidade, como ressonância magnética, tomografia e outros.
O lavrador Erasmo da Rocha, sabe muito bem o dilema de um trauma que demora a melhorar. Ele conta que há aproximadamente três meses, quando saia de sua propriedade no município de Marianópolis, se distraiu e derrapou com a moto no cascalho. “Quando vi, já tinha caído e minha perna que já havia quebrado uma vez há muito tempo, quebrou novamente. Desde este dia estou aqui no HGP. Já fiz duas cirurgias, a perna rejeitou a prótese e tenho previsão de fazer mais uma cirurgia. Tenho esperança que possa voltar às minhas atividades, apesar de saber que minha perna não será mais a mesma”, lamentou.
Também internado no Hospital Geral de Palmas, Francisco Dias do Santos tem uma história parecida. Ele conta que saindo de sua cidade, Porto Nacional, para trabalhar em Araguaína faltou a atenção na estrada e acabou caindo de moto e quebrando uma perna. “Depois que eu me recuperar farei de tudo para não mais ter acidente de trânsito, porque é muito ruim precisar de cuidados dos outros”, afirmou.
Sequelas
As sequelas de um acidente podem ser muitas, dentre elas as físicas, quando há perda de locomoção decorrente de fraturas que podem causar paralisação, amputação ou deformidades; social, com perda de convívio no meio social que antes ocupava, por causa de limitações, por exemplo, de locomoção; financeira, a pessoa passa a ter como renda financeira, o auxílio da Previdência Social, que em determinados casos é insuficiente para sua manutenção; profissional, muitas vezes não consegue se inserir novamente no mercado de trabalho e em alguns casos nem pode mais exercer a profissão, e familiar, quando em alguns casos o paciente passa a ser totalmente dependente de familiares, o que acarreta em mudanças de hábitos e estilo de vida junto aos demais membros da família.