Com aproximadamente 200 participantes, entre estudantes, professores e técnicos da Educação Básica e Superior, movimentos sociais, membros de igrejas e gestores públicos, a reunião pública sobre diversidade religiosa, realizada em Araguaína na última sexta-feira (12), foi um espaço para debater e refletir questões religiosas como diversidade e intolerância, bem como o ensino das religiões dentro do ambiente escolar. O aumento da intolerância, por mais que não existam números oficiais, mas pelos relatos de praticantes das diversas correntes religiosas, só tem crescido.
Promovida pela Diretoria de Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) e pelo Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa, o evento teve como objetivo reafirmar os direitos humanos e a diversidade religiosa como questões fundamentais para a construção de uma sociedade democrática, onde prevaleça uma cultura de paz, com mais respeito.
A professora da Universidade Federal do Tocantins (UFT), de Porto Nacional, Mirian Tesserolli, que ministra aulas sobre História da África e História Antiga, falou sobre o respeito à diversidade religiosa. Segundo ela, reuniões abertas são extremamente necessárias para que as pessoas conheçam mais antes de criticarem. “Estamos caminhando cada vez mais para uma realidade de muita intolerância e quanto mais palestras sobre diversidade religiosa, maior será o respeito. Precisamos, mais que tolerar, respeitar toda essa diversidade”, afirma a professora.
O professor da rede estadual de ensino, Fernando Vieira, acredita que a temática tem sido mais recorrente dentro das escolas, por isso é importante viabilizá-la cada vez mais. “Nós temos a escola como reflexo da sociedade, onde os alunos trazem da família as suas crenças, costumes e sua fé e precisam lidar com um ambiente onde existe uma diversidade religiosa”, explica o educador.
Conhecer para respeitar
A abertura do evento foi presidida pela secretária de Estado da Cidadania e Justiça, Gleidy Braga, que reafirmou a necessidade de ter mesas de discussão com cada vez mais representativas e de se trabalhar com a perspectiva de conhecer para respeitar. “Temos aqui pessoas de diversas correntes religiosas que podem responder dúvidas e acabar com mitos sobre determinada religião, que acabam colocando-a como algo ruim e causando intolerância na sociedade”, alertou.
De acordo com a Diretora de Direitos Humanos, Maria Vanir Ilídio, partindo do princípio de que o Estado é laico, a Seciju desenvolve junto ao Comitê de Respeito à Diversidade Religiosa o que está sendo orientado no Plano Nacional dos Direitos Humanos, visando instituir mecanismos para assegurar o exercício da diversidade religiosa. “Como o apoio que estamos dando pela secretaria, em mediar os conflitos existentes entre as religiões, em organizar campanha de combate à intolerância e promoção do respeito à diversidade religiosa e estabelecer parcerias na área da educação, com ensino e pesquisa.", cita exemplos Maria Vanir Ilídio.
Disque denúncia
Segundo Bárbara Sousa, assessora técnica da Diretoria de Direitos Humanos, no Tocantins não existem denúncias formais de situações de intolerância religiosa, porém, há muitas reclamações nesse sentido. O meio para isso é Disque 100, um serviço de atendimento da Secretaria Especial de Direitos Humanos. As ligações podem ser feitas a partir de telefone fixo ou celular, de qualquer estado do país, sendo o anonimato garantido. E também podem ser feitas ao Comitê Estadual de Respeito à Diversidade Religiosa ou ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, ambos com sede na Secretaria de Cidadania e Justiça.
Parceiros
Foram parceiros nessa iniciativa o Itpac, onde foi realizado o evento, a Diretoria Regional de Educação, a Associação Negra Cor, a Prefeitura de Araguaína, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação; conselhos de direitos municipais e líderes religiosos de diversos segmentos.