Médicos, diretores de hospitais e assessores técnicos e jurídicos da Saúde se reuniram nessa terça-feira, 13, para definir a criação de um grupo técnico dedicado a estruturar serviço de cirurgias cardíacas pediátricas e neonatais com o intuito de atender a demanda por este tipo de cirurgia no Estado.
Na reunião foi ressaltada a necessidade de atendimento ágil para recém-nascidos e bebês que têm problemas cardíacos e relatadas as dificuldades em obter soluções, apesar de contatos feitos pela Secretaria com serviços especializados em todo o Brasil na tentativa de formalizar a contratação destes atendimentos.
O assessor de gabinete, Marcello Sena, explicou que a Secretaria de Saúde tem empenhado esforços na busca por prestadores de serviço aptos a realizar tais procedimentos. “É uma dificuldade geral no Norte e Nordeste. Há um déficit de 80% da demanda de cirurgias para correção de má formação cardíaca e dos 14 centros especializados em cardiopatias congênitas no país, apenas cinco deles realizam procedimentos desta especialidade de alta complexidade”, informou.
Para garantir atendimento a estes pacientes, Sena esclareceu que todos os casos que necessitam deste atendimento especializado estão cadastrados na Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC). “Também estamos tentando formal e informalmente contatar outros Estados em busca de oferta de cirurgias e de profissionais”, ressaltou o assessor.
Paralelo a isso, o secretário de Saúde, Marcos Musafir, acionou o Ministério da Saúde, em Brasília, para que as vagas necessárias ao atendimento de pacientes do Tocantins sejam providenciadas com o caráter de urgência que as crianças necessitam. A Secretaria de Saúde também abriu processo de compra dos serviços e a Unidade de Terapia Intensiva Aérea (UTI Aérea) está de prontidão 24h para fazer a transferência tão logo sejam disponibilizadas vagas.
Alta complexidade
Ainda durante a reunião, foi esclarecido que os casos de pacientes que precisam passar por procedimento cardíaco envolvem, além da realização da cirurgia, longos prazos de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de acompanhamento especializado. Também foi lembrado que a dificuldade existe em função do subfinanciamento de procedimentos altamente complexos e que os serviços especializados, mesmo privados, demonstram pouco interesse em atender a demanda reprimida em função dos valores praticados pelo Governo Federal para financiamento destes procedimentos.
Os médicos e diretores do Hospital Geral de Palmas, Hospital Infantil de Palmas e Hospital e Maternidade Dona Regina explicaram que a dificuldade de localizar atendimento especializado se baseia no nível de complexidade dos casos diagnosticados com cardiopatia. Ainda segundo os profissionais, tais dificuldades também são relacionadas a fatores congênitos (alterações cromossômicas) e contextos gestacionais que contribuem para o surgimento de más formações cardíacas, em especial.
Entenda
Para atendimento a crianças diagnosticadas com cardiopatias congênitas complexas, problemas de coração, o Estado já programou em seu Plano Plurianual (PPA) a oferta de cirurgia pediátrica cardíaca no Tocantins e mantém em regime de plantão um Serviço de Regulação Estadual que realiza o cadastro desses casos na Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (Cnrac) tão logo são comunicados pelos hospitais. Esse serviço atua 24 horas na busca de vagas em todos os centros especializados do Brasil para conseguir o agendamento de procedimento cirúrgico cardíaco pediátrico e neonatal.
Este fluxo é adotado em razão da indisponibilidade de médicos especialistas em cirurgia cardíaca pediátrica e neonatal no quadro funcional do Tocantins em razão da carência desta especialidade em todo país, que conta com poucos centros capacitados para realizar este tipo de cirurgia.