Período do ano mais esperado pelas famílias que têm no artesanato sua principal fonte de renda, a colheita do capim dourado na região do Jalapão começa na próxima terça-feira, 20, conforme regulamentação estadual. Para celebrar a matéria-prima e reforçar a conscientização das comunidades quanto à necessidade de praticar o manejo sustentável do capim, o Povoado Mumbuca, comunidade remanescente de quilombo localizada na zona rural de Mateiros, realizou a 8ª edição da Festa da Colheita do Capim Dourado. Este ano, a festa teve início na última sexta-feira, 16, se estendendo até esse domingo, 18.
Apresentações musicais, teatrais, desfiles, palestras e rodas de conversa marcaram a rotina de moradores do povoado e visitantes ao longo desses dias. Um momento marcante do evento foi a cavalgada, na qual moradores da comunidade, de todas as idades, passeiam pelo povoado a cavalo carregando orgulhosos o capim dourado, que posteriormente se tornará arte nas mãos talentosas das mulheres locais. Na programação, o já tradicional desfile da Princesa Dourada, momento em que, sem disputa, as meninas do povoado expõem seu talento e a beleza das peças artesanais. Logo em seguida, foi a vez das artesãs demonstrarem, também em desfile, o orgulho que têm de seus ofícios. As manifestações culturais seguiram, em forma de teatro e música, ao som de Arnon e Maurício, artistas da comunidade, com sua viola de buriti.
Ponte
No tarde de sábado, o assunto prioritário para o Mumbuca, que é a construção da ponte que dá acesso ao povoado, foi discutido em audiência com a presença de representante do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e do Ministério Público Federal (MPF). A comunidade expôs as dificuldades enfrentadas decorrentes da dificuldade de acesso - hoje somente possível por meio de um desvio, passando por dentro do rio, ao lado da antiga ponte, destruída pelo fogo no final do mês de agosto. Por sua vez, as instituições públicas tiraram dúvidas e orientaram os moradores quanto aos procedimentos legais que devem adotar na busca pela construção da nova ponte.
Ainda na audiência, um termo de compromisso foi firmado entre a comunidade o Naturatins, órgão responsável pela gestão do Parque Estadual do Jalapão, reforçando o comprometimento do povoado quanto aos seus deveres no uso dos recursos naturais disponíveis. Também foram entregues pelo órgão estadual as novas carteiras fornecidas aos artesãos e coletores devidamente associados, assegurando o direito de coleta e manejo do capim e do buriti. Antes válida por apenas um ano, as novas autorizações garantem o direito ao associado de coletar o capim pelo período de dois anos.
Turismo
Antes, na sexta-feira, o turismo de base comunitária foi destaque em palestra ministrada por Viviane Tenório, do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), ocasião em que foram transmitidas informações, com o propósito de incentivar o fortalecimento desta modalidade de geração de renda. Por intermédio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura (Seden), o turismo de base comunitária - que prevê que a própria comunidade prepare suas casas para torná-las meios alternativos de hospedagem para o turista - já começa a ser implementado nas comunidades quilombolas do Mumbuca e Prata, também no Jalapão.
Manejo sustentável
De acordo com a Portaria 362/2007, a coleta do capim dourado só é permitida no período de 20 de setembro a 30 de novembro; flores deverão ser retiradas e lançadas ao solo no momento da coleta, para garantir a reprodução; o transporte e a comercialização do capim in natura só é permitido entre associados.