Foi publicado no Diário Oficial do Estado, desta última quarta-feria, 30, de número 4753, o afastamento, a pedido, de Sérgio Leão, por 60 dias, de suas funções no cargo de secretário de Estado da Infraestrutura, Habitação e Serviços Públicos do Tocantins. Leão, juntamente com outras seis pessoas, está preso pela Operação Reis do Gado, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 28.
O subsecretário da pasta, Antônio Pereira Barros Júnior, foi designado para assumir a Secretaria de Infraestrutura, em medida publicada no dia 28, após a prisão de Sérgio Leão.
O afastamento de Leão é assinado pelo governador Marcelo Miranda, que também é alvo da Operação Reis do Gado, e pelo secretário-Chefe da Casa Civil, Télio Leão Ayres.
Investigação apontou um esquema de fraudes em contratos de licitações públicas com empresas de familiares e pessoas de confiança do chefe do executivo do Tocantins, que teria gerado enorme prejuízo aos cofres públicos. A organização criminosa é acusada de movimentar mais de R$ 200 milhões em lavagem de dinheiro.
Segundo a PF, a ocultação do dinheiro desviado ilicitamente era feita por meio de transações imobiliárias fraudulentas, contratos de gaveta e manobras fiscais ilegais dentre os quais a compra de fazendas e de grandes quantidades de gado. Parte do valor teve por destino a formação de caixa dois para campanhas realizadas no Estado.
Chamou atenção dos policiais o volume de algumas transações financeiras do grupo que, segundo a Polícia Federal, pela sua desproporcionalidade, denotam a intenção de dissimular as vultosas movimentações ilícitas do grupo. Em um dos casos foi identificada um contrato de compra de gado cujo volume, segundo a perícia realizada, não caberia sequer dentro da propriedade onde pretensamente deveriam se encontrar o rebanho. Essa técnica foi apelidada pelos investigadores como “Gados de Papel”.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, em outro caso, um contrato de prestação de serviços entre o governo e uma empresa de transportes aéreos alcançou valores tão exorbitantes que, sendo dimensionadas em horas de voo, obrigariam os aviões a serem abastecidos no ar para que se pudesse suprir o valor integral do contrato.
Os investigados responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva, fraudes à licitação e organização criminosa.
Reis do Gado
O nome da operação “Reis do gado” foi dado em razão dos principais investigados serem grandes pecuaristas no Estado do Pará e o gado era a destinação de grande parte do dinheiro desviado, onde se operava verdadeira lavagem de dinheiro.